Se segui fielmente os princípios cartesianos, e até mesmo de Bacon (lembro-me das bases que me alçaram ao voo científico), isso foi de coragem minha. Tive a ousadia de analisar, perceber e modificar a realidade que a mim se me era apresentada. Partindo do racional e dedutivo, do caráter empirista de minha engenharia, os experimentos laboratoriais e a certeza consolidada das coisas mais gerais explicava corretamente o particular de cada questão. E então, sem o meu trabalho, criavam-se outras tantas, pois eu ali seguia fielmente uma análise metodológica nítida e distinta (e logo verdadeira, como afirmava Descartes, em seus quatro princípios). O pensar mecânico a tem como instrumento para a verdade. Só então percebi que meus sonhos eram engrenagens. E aqui o que proponho é exibir um questionamento em que até então eu não me apoiava, pois fora de mim não era necessário. Mas há sempre mais no íntimo, e às vezes a vontade corrompe tudo o que foi trabalhado com razão e frieza. Quanta certeza tinham os pensadores disso. O meu particular era muito maior que qualquer coisa. E isso eu não percebia até que vi a morte de perto, morte insignificante, morte pequena. As pequenas coisas se relacionam até alcançar meu inerte coração. E lhe deveria dar algum grau de atenção? Se o fizesse, fá-lo-ia frio, exterior e separaria suas batidas entre sua utilidade e propósito? Elas surgem de mim descompassadas, não há racionalismo ou empirismo que as signifique. Aqui exemplifico erros científicos, se contasse isso aos meus discentes, diria que errei e tenho errado tanto. Entretanto, ei-los, meus sentimentos, minha compaixão pelo inevitável destino, que me invalida inteiro e até reduz todas as minhas “Interpretações da Natureza” a pó.
Seriam esses os meus ídolos?
Lucas Rodrigues Moreira - Direito diurno
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