No século XVII houveram vários autores que discutiram a
respeito da produção cientifica, suas bases e fins, dentre eles Francis Bacon,
e René Descartes. O primeiro, estabelecia a cura da mente e a superação dos
chamados ídolos (falsas percepções de mundo estabelecidas por nossas
convivências e meio cultural) como o novo método para abordar a pesquisa
cientifica. Já o segundo, com uma visão mais moderada, via uma ruptura
cautelosa, além da superação das próprias convicções pessoais e a dúvida, como
essenciais para um novo caminho para a produção de ciência.
Quatro séculos se passaram, e ao longo desse tempo nossa
sociedade acompanhou diversas mudanças no cenário cientifico, seja na evolução
da ciência moderna ou no próprio método utilizado. Entretanto, em contramão de
todo esse desenvolvimento, houve a ascensão de diversos movimentos que se
orientam no obscurantismo, e nos anteriormente citados ídolos da mente, que
longe de terem sido superados, parecem estar se consolidando cada vez mais no
cenário atual.
Chegou-se a um ponto da ciência, que surgiu-se a necessidade
de questioná-la com afinco, sobre tudo, mesmo que já existam respostas e dados
apresentados por ela própria, que comprovem muitas de suas respostas. O
movimento terraplanista, constatações anti-vacina, e a negação das
consequências do aquecimento global são apenas alguns dos exemplos de visões
guiadas por esses chamados ídolos, que numa sociedade como a brasileira,
fortemente influenciada por mitos, tradições religiosas e conceitos
messiânicos, tem ganhado grande apoio e influenciado diversos setores,
infiltrando-se até em camadas do governo federal.
“ É o momento da Igreja governar”, disse Damares Alves,
atual ministra dos Direitos Humanos, no púlpito de uma igreja evangélica, em
vídeo que viralizou recentemente. Frente a isso, apenas me pergunto qual seria a reação de
Bacon, frente a uma civilização que ao invés de abandonar seus ídolos em prol
do conhecimento cientifico, vem abraçando-os com tamanho fervor em detrimento
de qualquer visão que pareça destoar do conhecimento comum, e da crença das
massas.
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