“ Ao contrário da filosofia alemã, que desce do céu para a
terra, aqui é a terra que se sobe ao céu”.
Essa frase de Marx ( em A
Ideologia Alemã) é emblemática e
extremamente significativa. Além de explicitar a crítica do próprio filósofo e
de Engels ao idealismo hegeliano e aos próprios “socialistas utópicos” , ela
expressa um dos principais objetivos desses pensadores: refutar a filosofia
baseada em ideias abstratas e sem perspectivas de tornarem-se factíveis e buscar
conhecer e a realidade concreta; aquela baseada em na processo histórico. Ou seja, conforme ,
antes, Cícero atribuiu à Sócrates a
missão de “trazer a filosofia do céu para a terra”, a partir do século XX,
pode-se conferir essa função a Marx e Engels.
Nesse ínterim, percebe-se que através de seu “socialismo”,
esses filósofos querem decifrar as leis e contradições histórico- sociais,
querem entender como as relações econômicas (infraestrutura) condicionam os
vínculos sociais, políticos, jurídicos, pessoais. Portanto, o materialismo histórico
de Marx e Engels não é um pensamento
puramente político, como hoje, equivocadamente, muitos consideram. Indo
mais além, podemos concluir que os “marxistas” transformaram as análises de
Marx em uma doutrina, uma religião; e isso é ,justamente o que Marx tanto
criticava, uma vez que para eles,
socialismo era uma ciência, era a tentativa de compreender a realidade
concreta com suas antítese e contradições.
Ademais, constatamos que Marx e Engels criticam a rigidez, a
imutabilidade da metafísica, já que ambos acreditam que o produto, a síntese
social e histórica é resultado de antíteses e contradições. Eles
argumentam asseverando que e o próprio
homem possui as contradições, a transformação dentro de si. Essa concepção que
o ser humano está em constante transformação e mudança é extremamente atual, e, ao mesmo tempo, fora analisado desde a Grécia Antiga, quando
Heráclito afirmou que um ser nunca poderá entrar duas vezes no mesmo rio.
Outrossim, os pensadores refutam a ideia de analisar a
sociedade, as relações de produção de maneira individual, isolada. Eles, por
outro lado, valorizam a visão do “todo”. Isso pode ser objeto de reflexão atual:
pelo ponto de vista parcial, ao analisarmos o caso que virou manchete nacional recentemente sobre
um homem que roubou carne ( para dar a
seus filhos) podemos considerá-lo um criminoso, alguém que infringe as regras;
no entanto, ao tomarmos uma postura fundamentada na totalidade, ou seja, ao
analisarmos o fato como um todo, buscando compreender todas as relações que o geraram, percebemos,
finalmente, que o pobre homem é , na verdade, uma vítima da sociedade.
Portanto, concluímos o quão inovadora é essa postura de Marx e Engels de buscar
a complexidade do todo em detrimento das visões parciais .
Victória Afonso Pastori
Direito- Noturno
1° ano
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