Na
literatura existe uma figura de linguagem, comum em outros meios, que
designa características de determinados objetos e, assim, aproxima
aquilo que se le,ve ou ouve de quem le, ve ou ouve. Esse mecanismo é
conhecido como trope ou, em português, tropo. Mas o que isso tem
haver com Durkheim e o fato social ? Bem, primeiramente, um trope, em
enredos, é responsável por criar clichês e mesmo esteriótipos que
facilita a compreensão da função de determinado sujeito dentro da
trama. Como quando, por exemplo, vemos em algum filme teen
americano um garoto “bonitão” e com jaqueta de atleta já tiramos
diversas conclusões baseadas em preconceitos, o que poupa esforços
no desenvolvimento da personagem. Isso é possível somente porque
o ser humano possui uma peculiar característica em assimilar determinadas
informações e incorporá-las ao cotidiano, sem a necessidade de
refletir acerca da própria ação. Fernando Pessoa diz em algum lugar que ao
se falar num “dia ensolarado” ninguém pensará que trata-se de
uma ideia negativa a ser passada. Assim como “um dia frio e
chuvoso” não é capaz de trazer ao assunto um aspecto mais alegre. Esse artifício aplica-se muito bem na vida cotidiana de
cada um. Quem ao sentar na mesa para comer pensa “usar ou não usar
talheres?”; ou, ao sair de casa, “usar ou não usar roupas?”.
Esses questionamentos, em geral, não existem e, se existem, é certamente um número insignificante que os fazem. A sociedade moldaria o
inivíduo e este seria praticamente incapaz de conseguir expor uma
ação que seja verdadeiramente, originalmente, sua. Tudo seria cópia
da cópia da cópia, não sabendo quem ou de onde vem o ato
original. As ideias se engessam de modo que os próprios movimentos
anti-alguma-coisa são frutos de alguma coersão e assimilação do
indivíduo de seu meio, ou seja, mais uma cópia.
Pedro Guilherme Tolvo, noturno
Pedro Guilherme Tolvo, noturno
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