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sexta-feira, 11 de março de 2016

A falta e o excesso da racionalidade

René Descartes já no século XVII deparou-se com um excesso de certeza, ou seja, indivíduos que acreditavam em uma única verdade imutável e pouco dispostos a argumentar e rever suas opiniões. Esse contexto levou-o a desenvolver um método que auxiliasse na busca pela verdade e o publicou em 1637 em “O discurso do método”.
Passados quase quatro séculos da publicação o contexto modificou-se e a sociedade ocidental passou a ter maior influência da racionalidade e das ciências denominadas exatas, porém isso não significa que a ferramenta criada por Descartes está sendo corretamente aplicada e que os pensamentos ignorantes desapareceram.   
Como principal exemplo dessa permanência pode-se citar as redes sociais, mais especificamente o “facebook”, que por possuírem elevado número de usuários tornam-se mecanismos eficientes de propagação de informações e ideais. E muitas delas não se baseiam na ciência e sim no senso comum ou em mentiras.
Nessas redes é comum encontrar mensagens que afrontam a constituição brasileira ao pregar punições degradantes como violações físicas e até a execução para quem comete crimes e também defesas de atos que afetam e colocam em risco a democracia. Mesmo sem garantias que essas técnicas são eficazes diversos indivíduos creem que esse seria o caminho para a construção de uma nova e melhor sociedade.
Mas da mesma forma que a ausência da lógica é negativa seu excesso também pode ser prejudicial e não acaba com a “mediocridade” descrita por Descartes.
O uso extremo da lógica pode tornar a vida humana algo banal. Quando a filósofa Hannah Arendt presenciou o julgamento do nazista Adolf Eichmann ela o descreveu como um burocrata que realizava sua função sem ser capaz de refletir sobre o resultado de suas ações.
Eichemann assim como outros indivíduos possuía uma visão de mundo racional (mesmo sendo uma racionalidade sem apoio cientifico) em que a vida humana não é valorizada e as pessoas são transformadas em números.
René Descartes publicou uma metodologia que propunha pensar o mundo de forma mais racional em um períiodo marcado pela forte influência do misticismo. Porém o excesso da racionalidade também impede a busca por conhecimento, afastando-se da ideia original de Descartes.      
João Pedro Costa Moreira
Aluno primeiro ano Direito noturno UNESP

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