René
Descartes já no século XVII deparou-se com um excesso de certeza, ou seja, indivíduos
que acreditavam em uma única verdade imutável e pouco dispostos a argumentar e
rever suas opiniões. Esse contexto levou-o a desenvolver um método que auxiliasse
na busca pela verdade e o publicou em 1637 em “O discurso do método”.
Passados
quase quatro séculos da publicação o contexto modificou-se e a sociedade
ocidental passou a ter maior influência da racionalidade e das ciências
denominadas exatas, porém isso não significa que a ferramenta criada por
Descartes está sendo corretamente aplicada e que os pensamentos ignorantes
desapareceram.
Como
principal exemplo dessa permanência pode-se citar as redes sociais, mais especificamente
o “facebook”, que por possuírem elevado número de usuários tornam-se mecanismos
eficientes de propagação de informações e ideais. E muitas delas não se baseiam
na ciência e sim no senso comum ou em mentiras.
Nessas
redes é comum encontrar mensagens que afrontam a constituição brasileira ao
pregar punições degradantes como violações físicas e até a execução para quem
comete crimes e também defesas de atos que afetam e colocam em risco a democracia.
Mesmo sem garantias que essas técnicas são eficazes diversos indivíduos creem
que esse seria o caminho para a construção de uma nova e melhor sociedade.
Mas
da mesma forma que a ausência da lógica é negativa seu excesso também pode ser
prejudicial e não acaba com a “mediocridade” descrita por Descartes.
O
uso extremo da lógica pode tornar a vida humana algo banal. Quando a filósofa Hannah
Arendt presenciou o julgamento do nazista Adolf Eichmann ela o descreveu como
um burocrata que realizava sua função sem ser capaz de refletir sobre o
resultado de suas ações.
Eichemann
assim como outros indivíduos possuía uma visão de mundo racional (mesmo sendo
uma racionalidade sem apoio cientifico) em que a vida humana não é valorizada e
as pessoas são transformadas em números.
René
Descartes publicou uma metodologia que propunha pensar o mundo de forma mais
racional em um períiodo marcado pela forte influência do misticismo. Porém o
excesso da racionalidade também impede a busca por conhecimento, afastando-se da
ideia original de Descartes.
João
Pedro Costa Moreira
Aluno
primeiro ano Direito noturno UNESP
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