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sábado, 21 de agosto de 2021

Uma interpretação materialista de uma realidade etérea: perder uns direitos nem é tão ruim assim!

 — Mãe, hoje vou passar a noite fora. Arrumei um bico.

— E o trabalho naquela empresa?


— Me demitiram. Tive que me cadastrar no aplicativo do Uber. Vou tentar arrumar um dinheiro por lá, aí o tio João vai me emprestar o carro. Só que pagam muito pouco pela corrida, e o combustível tá muito caro.


— Assinaram sua carteira de trabalho, então, meu filho? Que benção!


— Não, mãe. É só um serviço que eu achei. Mas e o Geraldo? Ainda tá de pé o emprego como menor aprendiz?


— A tia Maria viu no jornal que ia dar problema isso aí. Um negócio que ele vai perder uns direitos, sei lá. Só que o Geraldo disse que tá tudo bem, que é assim mesmo.


— Ué, perder direitos e tá tudo bem? Já não basta eu que fui demitido, agora o meu irmão ficar desempregado também?


— Sei lá, meu filho. Acho que a gente tá acostumado com esses serviços meio imprevisíveis, né? Não falei que seu irmão disse que é desse jeito que funciona? Vou me arrumar para ir à missa, porque só Deus para nos livrar desse sofrimento.


Anna Beatriz Hashioka- primeiro semestre de direito diurno


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