Um dia quase arruinado por um fato social.
“Comissão especial aprova redução da maioridade penal em crimes hediondos”. Quarta-feira começa com essa notícia. Que café da manhã mais triste foi o meu, o site de notícias da câmara me dá um banho de água fria e realidade. De onde surgiu a ideia da necessidade da redução da maioridade penal?
“Comissão especial aprova redução da maioridade penal em crimes hediondos”. Quarta-feira começa com essa notícia. Que café da manhã mais triste foi o meu, o site de notícias da câmara me dá um banho de água fria e realidade. De onde surgiu a ideia da necessidade da redução da maioridade penal?
Com esse questionamento em mãos, vou tomar o ônibus...é
inevitável olhar em volta e pensar nos jovens que me rodeavam, será que eles
realmente merecem ser punidos como adultos? Infelizmente a voz social se sobrepõe
a minha e responde: SIM. E essa resposta me incomoda: fico impressionado como o
discurso da maioria ou senso comum pode ser forte, arrebatando a tudo e a
todos. Eis aqui um belíssimo exemplo de fato social.
Contudo,
fato social ou não, eu me nego a aceitar tranquilamente essa imposição do senso
comum. O que esse senso parece não perceber é que a sua justificativa para tal
ato é totalmente infundada, só fazendo sentido na coletividade. Se acredita que
reduzindo a maioridade se terá uma sociedade menos criminalizada, já que os
jovens infratores serão retirados desta para depois serem ressocializados. O
que não se percebe é que colocando jovens infratores na cadeia comum, estas
crianças estarão em contato direto com o crime organizado e, portanto, sua
iniciação neste se torna muito mais facilitada que em uma casa de correção para
menores infratores.
“Depois de
dez anos à frente da Fundação Casa, convivendo diariamente com adolescentes
[infratores] e estudando cada vez mais o assunto, o que eu posso frisar é que a
redução [da maioridade] não vai levar à diminuição da prática de atos
infracionais por adolescentes. O consenso de que reduzir a maioridade vai
reduzir a criminalidade não é verdadeiro” Afirmação esta feita por Berenice
Maria Gianella, presidente da Fundação Casa de São Paulo, em uma entrevista.
É
difícil escapar da consciência coletiva já imposta, o próprio caso que perturba
tanto me quarta-feira demonstra isso. O arrebanhamento da sociedade se torna
cada vez mais destacado quando se tenta a ir contra ele e talvez, pensando em
uma perspectiva mais hegeliana, desse embate de fatos sociais seja sintetizado
outro fato social e dessa forma caminha a sociedade, permeada por fatos sociais
em combate que a renovam constantemente.
Finalmente, minha quarta-feira não foi tão péssima assim,quem diria que um pouco de reflexão dentro de um ônibus poderia salvar o dia?!
Tiago de Oliveira Macedo- 1º
ano Direito diurno- Aula 6
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