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quinta-feira, 18 de junho de 2015

A individualidade já não existe mais

     Nada do que você pensa, sente, faz, imagina ou acredita é fruto de sua própria consciência. Nada é individual, único ou extraordinariamente singular. O que somos, pensamos e como agimos são apenas imposições sociais colocadas em nosso ser desde o dia em que viemos ao mundo e choramos pela primeira vez. Disso já nos alertava Émile Durkheim há tempos.
     Desde o momento em que nascemos a sociedade nos inunda de pensamentos, crenças, orientações. Logo nos primeiros momentos da vida já somos impelidos a distinguir o que o meio social definiu como certo e como errado sem que possamos questionar. Engolimos a seco, desde crianças, as regras sociais pois sempre que tentamos confrontá-las somos reprimidos pela simples frase “ é assim porque é”. As crianças são “chatas” por perguntarem os porquês das obviedades da vida aos pais e,nesse momento em que se corta a possibilidade da duvida,se mata todo e qualquer possível tipo de especificidade que o ser humano pode ter. A indagação é freada e nadamos com a maré a favor da correnteza, acomodamo-nos às regras e passamos a acreditar que alguns de nossos sentimentos são frutos de nossa própria formulação.
     Contudo, as formas que se expressam nos indivíduos nada mais são do que um conjunto de modos de conduta imposto pelas normas. Nós somos frutos do que absorvemos, do que já pré existe e não daquilo que criamos, somos um amalgama de influencias que vem de todas as direções, e nos diferenciamos apenas quanto ao que é assimilado por nós e não é pelos outros, e o que é assimilado pelos outros e não é por nós. Assim, pode se dizer que todos temos pontos comuns, somos filhos biológicos de mesmos pais e mães sociais,temos as mesmas condutas,seguimos os mesmos padrões,somos iguais até em nossas diferenças.
    Essa perda da individualidade gera uma sociedade fria e robótica. O fato social é coercitivo e não perdoa ninguém. Está em todos nós, precisa ser aceito, digerido, assimilado, reproduzido e não admite que algo ou alguém não se adeque a ele. É daí que vem o suicídio, a solução fatal para o fato social, o ato extremo da coerção dos fenômenos da sociedade: aquele que não se integra se exclui.
     E assim cada vez mais essa ideia de que a individualidade não mais existe é disseminada entre os homens, cada vez mais o seres passam a aceitar que não precisam ser únicos, cada vez mais as imposições são admiradas, cada vez mais as particularidades se tornam anomalias, cada vez mais o ser humano perde sua essência e se torna bando. Tudo o que somos é coletivo. Tudo o que pensamos é coletivo. Tudo o que fazemos é coletivo. Inclusive a ideia de que tudo é grupal e nada é individual é um pensamento coletivo.
    Será que Durkheim tinha razão? Ou será que essa ideia se irradiou, tornou-se senso comum e fez com que as pessoas deixassem de se preocupar em questionar e particularizar? Será que realmente não somos seres singulares e nossas ações não partem de nós mas sim da coerção social?

As respostas? Essas deixo para a individualidade do leitor.

Um comentário:

  1. Seria muita petulância minha dizer que não existe individualidade, tendo em vista que o ser humano é um ser social?

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