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sábado, 13 de agosto de 2011

A religião moldando a economia

Em se tratando da temática: capitalismo e racionalização da fé, é inevitável relacionar o desenvolvimento capitalista à Reforma Protestante; uma vez que os preceitos defendidos pelos adeptos da reforma eram compatíveis com o espírito capitalista.

Esses preceitos embasavam-se na ideia de que a racionalização do trabalho seria capaz de promover a acumulação de riquezas. A partir dessa perspectiva protestante, é possível verificar a essência do capitalismo: a possibilidade de dinamização racional do investimento.

Vale destacar que o capitalismo não se frutificou com os católicos, pois estes se apegavam mais à vida espiritual do que à material. Já os protestantes eram caracterizados por uma ânsia de atingir a glória econômica que, por sua vez, não estava restrita ao caráter econômico-comercial, mas continha uma essência ética.

Um exemplo que se adequa á figura do capitalista protestante é o personagem de Aluísio Azevedo, João Romão. Na obra “O Cortiço”, o autor descreve Romão da seguinte forma: “possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha”.

Nas palavras de Raymond Aron, no livro “As Etapas do Pensamento Sociológico”, essa ética protestante relacionava-se à “angústia provocada pela incerteza da salvação”. Segundo o autor, “o calvinista não pode saber se será salvo ou condenado, o que é uma conclusão que pode se tornar intolerável. (...). Max Weber sugere que é assim que certas seitas calvinistas terminam por ver no êxito econômico uma prova dessa escolha de Deus. O indivíduo se dedica ao trabalho para vencer a angústia provocada pela incerteza da salvação.”

Pode-se, portanto, concluir que o protestantismo, na medida em que racionalizou a fé; isto é, passou a vê-la de forma objetiva, sendo o enriquecimento uma forma de demonstração da salvação divina, abriu caminho para a ascensão do espírito capitalista. Sendo assim, Weber demonstra claramente que os valores do indivíduo, no caso a ânsia protestante por acumulação, moldam as ações sociais, representadas aqui pelo surgimento do capitalismo.

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