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sábado, 13 de agosto de 2011

Jogada de Mestre

Martinho Lutero, no século XVI, se posicionou contrário a algumas doutrinas católicas e propôs, então, uma reforma no catolicismo, dando início ao movimento conhecido como Reforma Protestante. O movimento foi disseminado pelos países europeus, partindo da Alemanha, e ganhou apoio na Suiça, França, Reino Unido, entre outros.

Foi na Suiça que surgiu um dos ramos do Protestantismo, denominado Calvinismo. Em uma explicação bem sucinta, o Calvinismo prega a predestinação da alma, ou seja, os homens já nascem 'escolhidos' ou não por Deus para pertencerem ao Reino dos Céus e, aos 'eleitos', seriam enviados sinais divinos ao longo da vida. Um desses sinais divinos seria o sucesso no trabalho. A partir disso, fica claro a ligação entre a moral religiosa calvinista e os preceitos capitalistas que ganhavam cada vez mais força nos países europeus.

Portanto, seria possível afirmar que o capitalismo racionalizou a fé a fim de incutir à população seus princípios de acumulação/lucro e, dessa forma, torná-los sinônimos de felicidade e religiosidade? Os pontos em comum entre o que se prega na religião calvinista e o que se prega no regime capitalista são diversos.

Uma tática inovadora da classe burguesa para justificar a sua ânsia pela acumulação e lucro: implantar seus ideias por meio da religião. É certo que, à época, a maior parte da população ainda estava vedada pelo medo do julgamento divino, e tudo o que fosse lançado como forma de salvação dos pecados teria relevante sucesso. Foi, pode-se dizer, uma "jogada de mestre", uma "mão na roda", o surgimento de uma doutrina que pudesse unir o mundano e o transcedental.

É sim possível admitir a racionalização da fé pelo capitalismo, uma vez que a ética religiosa e a ética do trabalho se confundiram, se mesclaram. A intenção de alguns dos preceitos do protestantismo, mais especificadamente do calvinismo, se torna mais clara nos tempos atuais, e é possível vê-la como uma justificativa para se abandonar o coletivismo, a produção de subsistência, para se adquirir um novo modo de vida, individualista, visando o lucro e a acumulação.

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