Max Webber, no segundo capítulo de sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, procura analisar e determinar o objeto e a explicação do capitalismo.
O capitalismo é vulgarmente conhecido como a ideologia do ganhar mais e mais. Veio implantar no mundo contemporâneo uma nova e duradora ditadura: a ditadura do dinheiro sobre o homem.
Contrapondo-se a ideologia eudemonista, o homem é dominado pela “auri sacra fames” (fome de riqueza). O ganho material passa a ser o objetivo maior do homem, sobrepondo-se a vontade de “aproveitar a vida” o homem prende-se à avareza, à frugalidade e ao “status” de ser bem sucedido.
Webber atenta-nos de que o impulso pelo ganho, em si mesmo, não é puramente capitalismo. Esse se vincula a possibilidade de dinamização racional do investimento, que passa a ser estudado, calculado e cientificamente aprimorado para aumentar os lucros e a correlação entre virtude e eficiência à acumulação de capital.
Esse novo modelo econômico encontrou uma grande barreira histórica: o tradicionalismo. Anteriormente a hegemonização do capitalismo, a satisfação não se ligava a acumulação de bens materiais, que ia contra os dogmas do catolicismo, religião predominante da época. A oportunidade de trabalhar menos atraia mais do que a de ganhar mais e o lucro excessivo era condenado (vide os sete pecados considerados pela igreja católica onde estão inclusos duas essências do capitalismo: a avareza e a luxúria).
Assim, o movimento protestante, iniciado no século XVI na Europa com as 95 teses de Lutero, veio abrindo caminho para a consagração do capitalismo. De forma que as novas religiões que surgiam, em sua maioria, justificavam e criavam condições para os ideais capitalistas.
Como é o caso da igreja calvinista que valoriza a busca da realização material, enaltece a importância do trabalho humano, como modo de aperfeiçoamento da obra divina, e vê a prosperidade material como sinal de predestinação à salvação. Assim essas novas religiões racionalizavam o capitalismo.
A burguesia passa então a ter uma ferramenta de luta a favor do capitalismo: a religião. O autor considera, contudo, que a religião não foi a única arma de racionalização do capitalismo, além dela tinham a racionalização científica (o desenvolvimento das ciências exatas e naturais), jurídica (desenvolvimento de um sistema legal e uma administração orientada por regras formais) e contábil ( os bens empresariais são diferenciados dos bens do indivíduo).
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