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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

OS GATOS DA PRAÇA - UMA INTERPRETAÇÃO MATERIALISTA DE UMA REALIDADE ETÉREA

 

Numa praça europeia no final do século XIX começou a juntar uma multidão de gatos e daquele meio saiam gritos que morreram cinco gatos de fome, notando que aquele evento juntava a comunidade felina, quase todos para observarem o horrendo espetáculo, em parte porque era estranho, bem no centro da comunidade, cinco gatos morrerem de fome, por doença ou atropelados sim, mas de fome não, era inusitado, um gato magricela aproveitou a oportunidade, para no clamor dos acontecimentos expor suas ideias, as quais acreditava serem a solução lógica para que um evento daqueles não se repetisse, afinal, era consenso que ninguém dos ali presentes gostaria de terminar daquele jeito ou de ver seus entes queridos em análoga situação e então o gato se pôs a bradar que aquela era a consequência do desajuste de todos, pois estavam vindo gatos de todas as partes e decidindo viver ali naquele mesmo lugar, trazendo suas tralhas felinas e ali se estabelecendo, mas que ali estavam pela promessa de melhora de vida, mas que não eram capazes de se organizarem para progredir, que os gatos que ali fundaram aquele modo de vida sofriam muito mais que eles e que eles apenas acharam que viver ali seria fácil e que as coisas cairiam do céu, não havia ratos para todos, e aqueles que possuíam muitos ratos também precisavam dos gatos recém chegados, mas que antes de mais nada era preciso entender seu lugar, que aquilo que fosse imposto pelos donos dos ratos deveria ser fielmente cumprido e que a ordem é que traria para eles o equilíbrio, e quem melhor poderia haver para determinar a ordem e preserva-la que os gatos donos da maioria dos ratos, quem mais conhecedor do que seria melhor para todos, quem mais bem intencionado que eles, afinal, para si eles já tinham muitos ratos mas por serem bons queriam que todos colaborassem e obedecessem para que todos tivessem ratos também, ressaltou que os gatos mortos desde que ali chegaram não queriam saber de cooperar para ganhar seus ratos, queriam a divisão dos ratos pelos quais não contribuíram, essa era a verdadeira causa de suas mortes, não a fome, a desobediência, a vontade de querer para si o que era de outrem sem trabalhar e que ele, o gato magricela, poderia conversar com os gatos ricos de ratos, para que esses determinassem funções aos que ali estavam e em troca todos teriam seus ratos, porém todos deveriam se ajustar, todos deveriam obedecer e ocupar o lugar que lhes fosse determinado sem questionamentos, pois ao contrario estariam fadados a terminar como os cinco gatos mortos.

Do meio da multidão sai um gato peludo, que a principio até concordou com o gato magricela, mas viu que no decorrer de seu discurso o gato magricela misturou as ideias e estava ali promovendo não a organização da gataiada mas sua submissão, deu um pulo sobre o gato magricela espantando-o pois viu que os gatos ricos de ratos precisavam muito mais dos gatos que estavam ali do que o contrário, disse sim que que todos ali precisariam trabalhar mas que o trabalho deveria ser justo, pois os gatos que já trabalhavam para os gatos ricos de ratos estavam mais magrelos que os gatos mortos, os ratos pagos pelo trabalho eram insuficientes para matar a fome dos gatos que trabalhavam, que os gatos ricos não eram bonzinhos, tão pouco gostavam dos demais gatos e que quanto mais faziam os gatos pobres trabalharem mais ratos tinham, sem fazer nada para obte-los, diziam que era possível obter ratos infinitos através do trabalho árduo, poderiam até ter mais ratos do que eles próprios e faziam-nos sonhar a noite com a possibilidade de um dia ter uma infinidade de ratos, porém a realidade é que o que os gatos ricos tinham sobrando a sua disposição não eram ratos e sim gatos e utilizavam os gatos até sua ruína e que depois os descartava, ressaltou que os gatos mortos eram gatos velhos e que não tinham serventia para trabalho mais e disse que todos ali poderiam ficar velhos e não conseguir sequer pegar seus próprios ratos e que os gatos jovens deveriam se preocupar em cuidar dos gatos velhos, que deveriam antes de pensar em adquirir ratos, trabalhando para gatos, pensar de maneira solidaria, serem leais uns aos outros e que essa sim seria a verdadeira organização, pois os donos dos ratos eram poucos e que esses ratos eram de todos, inclusive dos gatos que já não poderiam caça-los, bradou que aqueles gatos ricos de ratos só eram parecidos com eles na forma física que não se tratavam de iguais, que eles poderiam sim trabalhar, mas que a quantidade de ratos deveria ser justa e suficiente, não só para encher a barriga do gato que trabalha, mas também a barriga de seus filhotes e idosos, que unidos os gatos ricos não teriam o que fazer e teriam que dividir justamente os ratos adquiridos conjuntamente, pois logo seriam como os cinco gatos velhos que curiosamente ainda jaziam ali no sol da praça, salientou que era preciso miar, que era necessário cuspir bolas de pelo ao final do dia, mas que os gatos ricos os faziam esquecer de como era se lamber e que quando fosse possível já nem saberiam como faze-lo, pois quanto mais eles acreditassem que era possível ter tantos ratos quantos eles, através desse tipo de trabalho, menos seria possível de fato obte-los ou mesmo ter qualquer coisa.

Muitos gatos gostaram das ideias dos dois gatos, gostaram tanto que o grupo se dividiu e resolveu segui-los para ouvir mais sobre suas ideias, pois ambos prometiam de formas diferentes os tão amados ratos, seja por submissão ou pela luta, fato é que o assunto eram os deliciosos ratos, e afinal todos ali adoravam um bom rato, tanto que acabaram por esquecer os cinco gatos mortos ali mesmo na praça, pois afinal de contas o assunto da praça era sobre como conseguir ratos e não como enterrar gatos, o que acabou sendo muito conveniente para um grupo de urubus que estavam por ali.

TRABALHO SOBRE UMA INTERPRETAÇÃO MATERIALISTA DE UMA REALIDADE ETÉREA

NOME: ANTONIO JAIR DE SOUSA JUNIOR

1º ANO DIREITO

TURMA: MANHÃ

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