Total de visualizações de página (desde out/2009)

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Classe média: o operário que veste os restos da burguesia


            A modernidade é marcada por duas figuras: o burguês e o proletariado. Somente essas duas. Há uma insistente tentativa de adicionar uma classe a essa analise que, nada mais é do que o trabalhador bem vestido. A tal “classe média”, que gosta de usar esse nome para não se confundir com a ralé operária, é uma cópia malfeita, o xerox barato de uma impressora velha com tinta seca, daqueles que realmente possuem poder de fato.

            A classe média surgiu na modernidade principalmente por conta do capitalismo. A classe operária, depois de tanto ser abusada pelos donos dos meios de produção, começou a perceber o poder que tinha em mãos quando se uniam através dos sindicatos. É fácil despedir um trabalhador que reclama de seu mísero salário, mas se torna muito difícil demitir todos os seus trabalhadores. Se fizer isso, a fábrica seria só um amontoado de metal parado. Com esse tipo de manifestação, os operários começaram a ter um salário minimamente digno e tiveram a possibilidade de trazer melhores condições para a sua família. Essas melhores condições incluíam as universidades para seus filhos, e esse é um ponto crucial para a origem dessa classe média.

            Através da ascensão econômica dos herdeiros dos trabalhadores, a classe média nasce, mas, quase como uma história com um plot twist no sense, esse grupo se vira contra os sindicatos. Ao invés de defenderam jornadas de trabalhos justas, salários dignos, benefícios para os trabalhadores, eles adotaram a perspectiva neoliberal para ver o mundo. Ao invés de defenderem seus pais, eles defendem seus chefes.

Mas por que defender alguém que tem o maior poder? Qual é a finalidade de tentar se aliar aqueles que podem, a qualquer momento, mandar-lhe para a rua? Há uma figura muito semelhante, mas de outro período histórico: o capitão do mato, o negro caçador de negros. Esse sujeito é uma tentativa se assemelhar ao seu senhor, tentando copiar suas ideias e suas vontades, nem que, para isso, seja necessário punir seus iguais. O comportamento da classe média é semelhante. Mesmo que esses dois personagens nunca vão ocupar o mesmo lugar que seu senhor, eles acreditam fielmente que estão chegando lá.

            Assim se comporta a classe média. Simplesmente um cão de caça, cujo dono dá uns biscoitinhos toda vez que repete algumas palavras como “livre mercado”, “sindicatos são um bando de vagabundo”, “sou a favor da reforma trabalhista’, “pela terceirização”, entre tantas outras frases...

Murilo de Oliveira Botaro - 1° ano Noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário