Em
junho de 2015 a maior montadora de carros do Brasil interrompeu suas atividades.
Localizada em Belo Horizonte, MG, a fábrica da Fiat, responsável pela produção
de três mil carros por dia parou.
Quase 19 mil funcionários foram dispensados e nenhum carro foi montado. O
motivo da paralisação total das linhas de montagem? O estoque lotado – o pátio
da Fiat estava cheio. A estratégia de reduzir a produção tem se tornado, cada
vez mais, uma tendência entre as montadoras por todo o Brasil – fábricas de
grandes marcas como Mercedes-Benz, a GM e Volkswagen têm adotado estratégias de
redução produtiva.
A
situação descrita acima é mais do que ideal para se discorrer acerca do
pensamento de Friedrich Engels, um pensador e teórico alemão que, junto com
Karl Marx, fundou o socialismo científico.
Em poucas linhas é possível identificar diversas correspondências com a obra de
ambos os pensadores.
Marx
foi quem brilhantemente explicou e elucidou o materialismo dialético – ele
defendeu a ideia de que o real é dinâmico, e de que tudo é movimento, destacando a importância da evolução e desenvolvimento históricos
como fornecedores de material para a fundamentação das mais diversas análises.
Seguindo essa linha de pensamento, Engels escreveu sobre o círculo vicioso que
envolve as crises capitalistas, algo que se aplica perfeitamente à atual
situação das montadoras brasileiras.
Segundo
Engels, é visível na história mundial capitalista que nem sempre a produção
acompanha o ritmo do consumo e do mercado consumidor. Quando isso ocorre, os
mercados ficam saturados, os produtos
se acumulam, e o dinheiro – que perpassa todas as relações capitalistas – se
converte em um obstáculo. O conflito econômico atinge, nesses períodos, seu
ápice. A sociedade capitalista demanda de algum tempo para recuperar-se desses
abalos - são necessárias algumas intervenções, até mesmo do Estado - mas a
recuperação ocorre. No entanto, levam-se apenas alguns anos ou décadas para que
a mesma situação mais uma vez se instaure. Diante de tais constatações é que se
propõe a revolução do proletariado.
Observa-se
então que a descrição teórica feita por Marx e por Engels, que culminou no
materialismo dialético, teve sua fundação no real, na observação da realidade, e não nas ideias simplesmente –
tanto isso é verdade que, ainda nos dias atuais, encontram-se correspondências
claras às suas teorias na realidade social, seguindo o ciclo descrito por
Engels. O capitalismo se estrutura e consolida nas sociedades, e o modo de
produção estabelecido determina toda a estrutura social e política nesses
casos. Assim, a história se constrói e se reconstrói, modificando-se sempre,
sempre em movimento, sempre dinâmica, e sempre seguindo em frente, ainda que
oscilando, fruto de determinações históricas muito longas que tendem, cada vez
mais, a se consolidar.
Heloísa Ferreira Cintrão
1º ano - Direito Diurno
Nenhum comentário:
Postar um comentário