Filha de pai proletariado e mãe burguesa, acredito ter presenciado em diversos momentos da minha vida a tão famosa luta de classes. Muitas vezes, vi meu pai reclamar de questões do seu trabalho, como salário, carga horária, exploração e falta de benefícios; que poderiam ocorrer naturalmente da mesma forma às funcionárias da minha mãe. Com tudo isso, pude enxergar um pouco mais de perto a realidade do proletariado e entender (talvez) o que o prende tanto ao sistema capitalista: a ambição.
Ao contrário do que o esperado por Marx, acredito que a classe operária, de hoje, simplesmente perdeu seu "espírito revolucionário". Não vejo as pessoas de meu ciclo social, como meu pai, tios, primos e seus amigos reclamarem de forma a querer mudar o sistema. Vejo apenas eles exporem suas angustias, cansaço e a esperança de um dia, finalmente, alcançarem "seu lugar ao sol". Para mim, é exatamente isso que faz a manutenção do sistema capitalista, a esperança do explorado de virar explorador. Aqueles que tanto trabalham só querem chegar ao nível daqueles podem usufruir de uma vida luxosa.
A ambição é a peça fundamental dessa história porque é, principalmente, ela o que faz até mesmo aqueles em condição degradante de trabalho levantar todos os dias e continuar sua jornada, continuar servindo a máquina capitalista. Porque somente dessa forma poderão aproveitar também do fruto de seu esforço. Mesmo que ele não seja a riqueza em si, mas certos bens materiais, viagens, lazer e uma vida melhor para os seus descendentes. Esse último ponto é um dos mais famosos da história, afinal, quantos pais e mães não se sacrificam para poder dar aos seus filhos uma condição da qual nunca tiveram, mas já sonharam ter ou por simplesmente se espelhar na elite acreditam ser a melhor?
Vale ressaltar a ausência do desejo por uma sociedade mais igualitária. Parece, muitas vezes, que as pessoas aceitaram em como funciona o sistema e tentam apenas se adequar a ele. Quantas vezes não vi meus pais brigarem por causa da administração do trabalho da minha mãe, sendo a causa principal, ele querer repetir com as funcionárias dela "as regras" do seu trabalho. Ele não só tinha se conformado com exploração, mas também apto a fazer o mesmo com os outros.
Sem intenção de mudar o sistema, seja pela falta de tempo, disposição, ou "formação ideológica", os proletariados acabaram, então, cedendo seu lugar revolucionário aos seus filhos. Acredito ser por isso que, atualmente, os professores tanto apontam os jovens universitários de classe média/alta os atores da luta revolucionária. Afinal, muitos deles cresceram com essa realidade de exploração, e diante da falta de interesse dos principais envolvidos (burguesia e operários), resta a eles essa missão.
Isabela Gonçalves Alcântara- 1º ano- Direito Diurno
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