Embasando-se nos estudos de Descartes e Bacon, Auguste Comte
formulou seu pensamento positivista para explicar as formas de conhecimento
sobre a vida. Em uma época que se buscava principalmente a origem de todas as
coisas, o filósofo francês discorreu sobre a associação de fenômenos e não a essência
deles, como se o positivismo fosse o estágio mais avançado- sendo antecedido
pelo estágio teológico e o metafísico- de razão e de conhecimento que o homem
poderia alcançar, pois, consequentemente, a sociedade progrediria devido à
ordem.
Mesmo Comte formulando seus estudos antes de Darwin,
justificou o darwinismo social, pois afirmou que existem papéis sociais
determinados, fundamentando a meritocracia e a desigualdade na sociedade, como
se uma pessoa devesse se negar em prol dos outros, ou seja, estabelecendo a consciência
coletiva. A subversão desses valores com adoção de políticas públicas voltadas
para sanar a desigualdade causaria, para o francês, a anormalidade. Assim,
nota-se um caráter determinista na visão comtiana. Citando um exemplo da
literatura brasileira, o personagem de Monteiro Lobato, Jeca Tatu, seria um
exemplo da anormalidade quando sua condição existencial sofre uma significativa
melhoria.
O caos e a desordem funcionam na sociedade como o efeito
do álcool e de outras drogas no corpo: o desequilíbrio, assim Comte almejava
superar esses problemas propondo conhecer a sociedade e estabelecer metas para
alcançar a ordem, que seria a solução, sendo a sociedade regida pelas leis da
estática e da dinâmica, como se estas resolvessem todos os problemas. Fazendo
uma analogia com o Isaac Newton, a sociedade se organizaria como o sistema
solar, tendo sua dinâmica estabelecida pelas leis constantes, estas que seriam
o esqueleto do pensamento positivista.
O imediatismo visto nos estudos de Comte sucumbe, sobretudo,
na análise superficial dos males sociais, não resolvendo o problema de forma
mais profunda. Com isso, é notável a preocupação do filósofo apenas como o
tempo presente e não com o futuro. E essa é a crítica feita por outros
filósofos, pois o positivismo não resolve os problemas devidamente, causando
mais dano do que benefício, mesmo resolvendo-os temporariamente. Essa seria a
falha, a fratura no esqueleto da filosofia positivista, pois a ordem e
progresso estariam na superfície, mas em seu cerne estariam a miséria e a estagnação.
Assim, “Jecas Tatus” seriam sempre doentes.
Lara Costa Andrade- 1º ano de Direito (Diurno)-
Introdução à Sociologia
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