O estudo de Émile Durkheim,
resumido no conceito de fato social, é de grande relevância para a compreensão
dos comportamentos de uma sociedade. Embora tenha vivido em uma época anterior
aos dias de hoje em cerca de 100 anos, o autor desenvolveu ideias que se
mostraram atuais em todo o decorrer desse período, nas mais diversas
organizações populacionais, independentemente da origem, tribo ou costumes.
Durkheim afirmou que o
comportamento de um indivíduo em sociedade era resultado de fatos sociais:
desde a educação que recebeu dos pais, a escola em que estudou até a religião
em que fora educado. Para ele, cada organização cria suas instituições
necessárias à ordem, como as escolas, Igrejas e etc. Assim, toda a sociedade
adota um comportamento e ao indivíduo que as desrespeita fica imposto uma
sanção, seja ela de forma evidente (como as penas quando leis são infringidas)
ou silenciosa (como as reprovações pelos demais indivíduos por algumas atitudes
consideradas fora do padrão).
A educação exerce um papel de
suma importância para o enraizamento dos costumes e para conformação dos
indivíduos à sociedade em que se inserem. Sua atuação faz com que as regras
sejam interiorizadas e se tornem hábitos, fazendo com que as pessoas acreditem
que tais costumes são frutos da vontade pessoal. A intimidade, porém, revela
muitas vezes que atitudes tomadas em âmbito coletivo são puramente sociais, não
refletindo em nada o comportamento próprio do indivíduo.
Atualmente, é evidente que a
sociedade ainda age conforme seus preceitos e costumes, impondo regras
explícitas (moral) ou implícitas (ética) e punindo os transgressores, sempre em
busca do retorno da ordem. Fugindo às regras, grupos que se consideram fora do
padrão surgiram e atuam com maior destaque no cenário social, mas fica a
pergunta: será mesmo que tais grupos conseguem viver livres do fato social?
No interior de uma sociedade há
várias organizações segundo a identificação que os indivíduos fazem entre si. Dentre
elas, destacam-se aqueles que se unem por não seguirem os padrões previamente
impostos a todos. A ironia consiste, porém, ao analisar que tais grupos também
apresentam suas regras, e se alguém pertencente ao grupo transgredir alguma
norma, a ele também caberá uma sanção por parte dos demais integrantes da
organização.
O fator coercitivo do fato social
só é sentido quando uma regra é transgredida, não importando se foi imposta
pela organização dos vizinhos do bairro ou pelo Estado. Assim, o estudo de Durkheim revela que,
queiramos ou não, estaremos sempre submetidos à imposição de regras de valores,
e ainda, estaremos sujeitos à sanções se tivermos a ousadia de contrariar a
sociedade.
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