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terça-feira, 28 de junho de 2011

A divisão em favor da coesão social

Émile Durkheim inicia essa obra discorrendo sobre as dualidade existente nas acepções do termo função. Para ele, o termo, no contexto de seu discurso, representa a procura a qual necessidade se corresponde, ou seja, "perguntar qual é a função da divisão do trabalho é portanto procurar qual a necessidade a que corresponde".
Primeiramente, o autor dá a entender que a divisão do trabalho não visa atingir um resultado específico. Pelo contrário, sua função é muitas vezes corrigir seus próprios defeitos e consequências da sua aplicação.
Adentra-se fortemente no aspecto da moral. Para Durkheim, a civilização por si só não tem moral, especialmente no âmbito da economia. Ela se constrói através das suas necessidades. No entanto, a moral, segundo ele, mostra-se essencial à sociedade, uma vez que estabelece uma linha de conduta coagindo os cidadãos a seguirem-na. Falando ainda da moral, o sociólogo estabelece que a ciência, a arte e a indústria estão à margem dela. Destaca-se a ciência por estar mais próxima mas não inserida na moral, tendo-se em vista que ela é capaz de esclarecer a mente humana acerca do mundo em que vivemos.
Voltando à questão da divisão do trabalho, Durkheim compreende que a divisão do trabalho é neutra de qualquer aspecto moral, e isso, para ele, não é algo benéfico já que segundo o que se infere do texto a ausência de moral desemboca na degradação moral.
Utiliza-se no texto do exemplo da amizade para nos mostra como surge a solidariedade entre indivíduos. Através da dissemelhança, há a divisão e esta por sua vez e pela necessidade dos indivíduos se completarem uns aos outros origina o princípio da solidariedade. Isso, segundo Durkheim, também ocorre com a divisão do trabalho. Além disso, fala-se da solidariedade conjugal e sua evolução através da história.
A divisão do trabalho faz com que aumente a solidariedade e vai criando gradualmente relações de interdependência dentro da sociedade. A frase "a imagem daquele que nos completa torna-se em nós próprios inseparável da nossa". Acerca da divisão do trabalho Comte é citado por estabelecer uma relação direta entre esse fator e a coesão da sociedade.
Chega-se no aspecto do direito. O direito, segundo Durkheim, desenvolve-se juntamente com a solidariedade social e consequentemente com a divisão do trabalho dentro da sociedade. Isso porque liga-se a todas as relações sociais e quando não o faz os costumes preenchem as lacunas deixadas pelo ordenamento jurídico ainda que constituam sua base.
Por fim, fazem-se algumas considerações interessantes: a solidariedade é vista como fato social e só pode ser conhecida por seus efeitos (já que trata-se de uma espécie de energia proveniente das relações sociais), é também vista como um fator que precede a sociabilidade. É importante lembrar que são impostas pelo direito público e privado sanções aos indivíduos que rompam a solidariedade social.
Tais considerações feitas após a leitura da obra de Durkheim nos mostram que o sociológo era um adepto do uso do método e soube analisar precisamente a sociedade sobre o prisma de suas convicções formuladas principalmente no século XIX.É claro que nem todas as previsões por ele feitas se sucederam, mas é elogiável o uso da lógica em seu objetivo discurso.

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