Ao discorrer sobre a implementação do positivismo, Augusto Comte preconiza a educação universal. O conhecimento é criticado em nível científico (porque a especialização excessiva decorrente do empirismo impede a construção de visão geral, sobre o todo) e filosófico (também moral, quando chama a liberdade de pensamento da época de anarquia intelectual, porque lhe parece impossível haver ordem; a agitação moral gera agitação política, que é improdutiva).
O positivismo valora o coletivo sobre o individual. Comte associa felicidade ao bem público, que se sobrepõe à felicidade pessoal (individual). Ao estender a educação ao proletário (que é o mais próximo da tábula rasa de Bacon e Descartes) e seguir o plano educacional positivo, a metafísica e a escolástica deixarão de desordenar o pensamento, e então todos aceitarão suas posições sociais. O pragmatismo positivista permitiria a ordem social, intelectual e política, gerando desenvolvimento e progresso.
Ao longo de seu Discurso, Augusto Comte cita os principais entraves que seu pensamento provavelmente teria, principalmente com os próprios cientistas, que sentem-se confortáveis na posição de pesquisadores sem visão do "objetivo final". Mas partindo do princípio da Astronomia e da revolução iniciada por Copérnico, Kepler e Galileu, o autor tenta criar um conhecimento mais amplo, sem perder as subdivisões existentes. Afinal, é preciso que um astrônomo saiba matemática e física, como um biólogo deve saber química, e um "físico social" deve saber de biologia e sociologia. Essa interdisciplinaridade construiria sua nova filosofia, e a evolução do conhecimento se daria entre essas divisões pré-definidas (começando pela matemática).
Augusto Comte ainda caracteriza o desinteresse popular pela política. Por ter conhecimento metafísico (que permeava as discussões políticas à época) limitado e desesperança de efetivamente tomar o poder, o povo interessava-se apenas pelo uso do poder. Queriam transformar as discussões sobre seus direitos em direitos de fato, fundamentados nos Direitos Fundamentais. E para o autor, interesse por um único aspecto é diferente de desinteresse total.
A prática do positivismo, se é que se pode considerar que alguma teoria um dia foi plenamente praticada, mostrou-se diferente do que foi pensado por Comte. A educação nunca foi estendida de fato ao proletário, nem mesmo na França, local idealizado por ele para tal, e a especialização exagerada, causada pelo empirismo, também não foi abolida da ciência. Mas a ideia do bem público acima do bem individual e da "ordem para o progresso" foram utilizadas diversas vezes ao longo da história. E ainda o são.
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