Densidade. Essa é uma palavra que a meu ver define a atmosfera e o conteudo do filme "Ponto de Mutação". É impressionante como em um breve lapso temporal tal obra consegue nos remeter a tantos aspectos da sociedade em sua história, sua formação e seus aspectos mais polêmicos e sórdidos. Contando com três personagens principais, um político, uma cientista e um poeta, o filme aborda discussões que sucitam polêmicas durante quase toda sua extensão. Poderíamos começar abordando a frustração da cientista que vê seu brilhante projeto ser transformado em mera mercadoria expositiva de cinema e, com razão, revolta-se. Observa-se na sociedade real que isso não é raro (o uso de ideias de terceiros para fins com os quais eles não concordam, vide o exemplo da bomba nuclear).
O político também mostra-se perplexo e desapontado com os rumos de sua vida. Candidato à presidência dos Estados Unidos, ele perde as eleições e passa a refletir intensamente sobre os rumos que deu à sua vida e sobre as escolhas que fez, suas prioridades que talvez estivessem equivocadas em razão de sua fria e calculista praticidade.
O poeta também se apresenta como uma personagem um tanto quanto não realizada com seus feitos na vida. Apesar de ser um escritor relativamente bem sucedido, ele não consegui encontrar o mesmo equilíbrio em sua vida pessoal, e acaba de sair de um casamento.
Temas como o meio ambiente, a inquisição da Idade Média e as relações humanas permeiam o filme e tornam-o um instrumento um tanto difícil de se "absorver" à primeira vista. No entanto, uma posterior análise nos permite concluir que este filme parte de uma ponta na qual se localiza a frustração (denominador comum nas devidas proporções entre os três principais personagens) até chegar à outra, onde está a reflexão profunda.
Em síntese, é clara a sintonia existente entre as personagens, não devido aos seus ideais mas sim às suas respectivas situações de insatisfação com os fatos. O trio confirma a frase "nenhum homem é uma ilha isolada".
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