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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Olhos capitalistas

Dogmas e superstições já não eram mais capazes de saciar a ânsia humana na busca de explicações e respostas. O Homem, por meio da Razão, se coloca como agente do conhecimento, podendo, assim, chegar à conclusões sem o intermédio do divino. Porém, as luzes irradiadas pelo Iluminismo não conseguiram romper com a injustiça, a opressão, as desigualdades presentes até então. Dessa forma, é possível observar que a razão iluminista se converteu em racionalidade burguesa, que fez do mundo sua "imagem e semelhança", e a liberdade, da qual muitos tinham sede , restrigiu-se à simples liberdade de mercado.

Tem -se, pois, o nascimento do conflito entre burguesia (detentora dos meios de produção) e proletariado ( dono apenas da força de trabalho). A angústia, o medo,a exploração e as desigualdades ainda mais profundas passam a acompanhar os passos do homem moderno. A divisão acentuada do trabalho ( a fim de aumentar a produtividade juntamente com as técnicas empregadas) acaba por fragmentar também a visão acerca da realidade a partir de cada indivíduo, agora simples apêndices das máquinas. " O fio, as telas, os artigos de metal que agora saíam da fábrica eram produto do trabalho coletivo de um grande número de operários, por cujas mãos tinha que passar sucessivamente para sua elaboração. Já ninguém podia dizer: isto foi feito por mim, esse produto é meu", como nos apresenta Engels. A produção é, portanto,social e todos são levados a crer que participam dos benefícios do meio de produção, enquanto são apenas peças movidas pela alienação que sustenta o Capitalismo. E, assim, alicerçado também na mais-valia, o modelo capitalista, e as transformações que este provocou, é analisado minuciosamente por Engels em sua obra com as devidas contribuições de Marx.

Mas qual seria, então, uma alternativa ao modelo capitalista? Como seria esse novo sistema? O Socialismo, com aponta Engels. Entretanto, um Socialismo liberto da utopia, que encontre a resposta para os males presentes não nas ideias, mas na própria História. De que valem os estudos de Saint-Simon e Fourier se não conseguem oferecer resultados práticos? A realidade ao ser analisada e desvendada é capaz de fornecer traços que compõem o esboço para um Socialismo feito Ciência. E ao se apropriar do Estado burguês, o proletariado finda a luta de classes, implantando não só a produção social, mas também a propriedade social. Sem antagonismos, extingue-se, então, o Estado e tem-se a conquista da prosperidade coletiva, como elucida Engels: " é o salto da humanidade do reino da necessidade para o reino da liberdade".

No entanto, ao conhecer o ideal defendido por Engels, uma pergunta é inevitável: seria isso realmente possível? É certo que nossos olhos capitalistas não conseguem, por mais que se esforcem, dar os contornos da realidade ao projeto de Engels, ainda visto sob a sombra da utopia.

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