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sexta-feira, 27 de maio de 2011

De animal a senhor


Iluminismo: século das luzes! A priori, o termo tem conotação virtuosa, mas isso realmente foi confirmado? A “Aurora da Humanidade”, na verdade, foi transformada em fantoche da classe que ascendia rapidamente na época, a burguesia. Friederich Engels, embora elogiasse essa linha de pensamento, criticou-a também de modo negativo. A classe burguesa tinha como princípio criar a sua própria riqueza, mesmo que preciso fosse destruir todos os outros princípios daqueles que a ajudaram a se ascender. Nesse contexto, surgiram pensadores que, em defesa do social, defendiam um pensamento socialista. Esses autores foram considerados, mais tarde, socialistas utópicos, pois acreditavam que a solidariedade era uma característica de natureza humana e assim a implantação do sistema socialista ocorreria de maneira lenta e gradual. Isso eliminaria todas as diferenças e reverteria o desvio da ordem burguesa, a fim de que todos viveriam em cooperação, sem egoísmos. Ou seja, os utópicos estavam longe de captar a verdadeira essência do socialismo. Para Engels, um dos socialistas científicos, era necessário descobrir uma maneira de impor esse novo sistema de ordem social à sociedade, abordá-la e interpretá-la faria com que a “energia revolucionária” fosse liberta.

Engels também critica a metafísica. Para ele, Bacon e Locke criaram um método especulativo, no qual há uma perda de visão do todo. De maneira isolada, criavam algo perene e davam à sociedade. Somente há lugar para antíteses; o correto é o correto, o errado é o errado; não há como debater sobre o que é o real, uma vez que ele é feito da meneira como o vemos. Engels contraria essa teoria metafísica dizendo que somente com a dialética chegamos a uma concepção do que é o universo em sua exatidão. Esse caminho permite a percepção das constantes ações e reações gerais, do positivo e do negativo – que, apesar de todo o seu antagonismo, penetram-se reciprocamente.

Toda via, há diferenças entre a dialética defendida por Engels e a dialética defendida pro Hegel. Hegel foi o primeiro a defender a dialética. Para ele, o mundo é compreendido através da natureza, da história e do seu espírito de transformação e desenvolvimento. Contudo, essa percepção hegeliana era totalmente idealista; ou seja, para ele, a realidade era tudo o que derivava da mente. O racional era o real. Engels afirmava que essa dialética levava a concepções falsas. Afinal, é racional pensar que todo trabalhador explorado pelo capital é contra o capitalismo, mas isso acontece de fato? O materialismo dialético defendido por Engels quer evitar esse erro. As respostas encontram-se na própria história, por isso, Engels sustenta que o socialismo é um “percurso incontornável” da história. O socialismo deriva do capitalismo, pois há a produção de riquezas para todos na sociedade socialista e essa produção deriva do modo de produção capitalista. E, apenas com a revolução, os explorados conseguirão chegar ao sistema socialista.

Descoberta por Marx, a mais-valia é “o segredo da produção capitalista e o principal mecanismo de exploração da classe da trabalhadora”, ou seja, é o que gera o lucro para os empreendedores. Estes não largarão tão cedo o seu tão amado lucro para que formemos uma sociedade igualitária, portanto, somente a revolução conseguirá destituir aquilo que é pregado pelo capitalismo – a produção é social, mas a apropriação não.

Ao contrário, no socialismo o produtor importa mais do que aquilo que produz. O Estado é extinto, a própria sociedade se organiza. O homem, ao entender o socialismo, passa a dominar a natureza e as leis históricas – “sai do reino animal ‘e torna-se’ senhor consciente e efetivo”.
A realização deste ato redimirá o mundo e esta é a missão do proletariado!

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