Dos socialistas utópicos, Engels já pareceu perceber, não se pode tirar muito no que concerne a meios efetivos de se implantar o socialismo.Contudo, o que temos é a convenção de dividir as ideias socialistas em dois momentos: socialismo utópico e socialismo científico.Embora este, exposto por Engels, baseie suas ideias em uma abrangente análise social, creio não ter força suficiente para sair do plano ideal e ser aplicado de fato.
Não resta dúvidas de que, historicamente, as grandes conquistas e alterações no âmbito social sejam provenientes de lutas de classes em situação de opressão.A mais notável dela, a Revolução Francesa proporcionou à burguesia, anteriormente às margens do poder, visto estar inclusa no Terceiro Estado (na sociedade francesa anterior à Revolução), sua chegada à participação política. A partir daí surgiram as condições para a situação do proletariado descrita por Engels.
É imprudente negar que, de fato, o capitalismo é um sistema suscetível a crises, alicerçadas na grande contradição da superprodução gerar miséria. Em contrapartida, a busca por tecnologias que potencializem o poder produtivo é constante, fator contribuinte para o caráter cíclico dessas crises.
Nesse contexto, é inevitável que a classe trabalhadora encontre-se em posição de reivindicar melhorias em sua condição, mas não exatamente por todas as outras razões citadas por Engels. Por exemplo, a dissociação entre produtores e produção final acabou se tornando um fator, devido à alienação da mão de obra, não tão passível de discussão.Porém, devemos considerar, como Engels o fez, a mais-valia como um aspecto negativo dentro desse sistema: desvaloriza-se o trabalho apenas com o objetivo de maiores lucros.
Para justificar a introdução deste texto, é válido ressaltar que (e podemos observar isso na história) há sempre uma classe que almeja (e consegue) se sobrepor às demais.Os valores de uma revolução socialista até poderiam ser puros no início. Entretanto, quais seriam as garantias que, após a sobreposição do proletariado à burguesia, não surgissem núcleos divergentes de ideias que subverteriam a ordem esperada por Engels?
Creio estar longe o momento em que a sociedade se organize sem contradições de classe. Até lá, científico ou não, o socialismo continuará uma utopia.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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