Os trabalhos de René Descartes marcam uma transição na História da ciência e do pensamento humano, inaugurando uma visão mecanicista da realidade com seu método. Seu pensamento analítico está impregnado em tudo que se seguiu, resultando em uma visão que categoriza e divide a realidade/natureza em partes que contém o todo. A visão racionalista e dualista cartesiana foi responsável pela divisão entre mente e corpo, possuindo implicações seminais na transformação gradual do imaginário moderno.
Outro construtor da modernidade é Francis Bacon, com sua visão empirista de apreender a realidade, cuja perspectiva de domínio da técnica e controle da natureza, conferiu a “licença” necessária para a manipulação da natureza e sua exploração. Ambas contribuições se provaram extremamente úteis no desenvolvimento e domínio de técnicas basilares para a expansão capitalista, assim como serviram de arcabouço teórico para a ascensão de uma nova classe, a burguesia.
Essa expansão do mundo da técnica e da utilidade culminou, em última instância, no modo de vida e produção que temos hoje. Em que cada aspecto da vida humana é metrificado, dividido, algoritmizado, em que buscamos utilidade e função em tudo, sendo sua expressão paroxística o neoliberalismo.
O Filme “Ponto de mutação” de Fritjof Capra discute uma alternativa, apresentando uma visão sistêmica e interdependente de apreensão dos fenômenos naturais e sociais. O autor postula que todo o mal-estar da civilização atual é referente a uma crise de percepção causada pelo modo mecanicista de lidar com a realidade.
Em face dos argumentos apresentados pelo autor, é notório que vivemos em uma crise do sistema de produção capitalista. Em que a questão ambiental e de produção é vista como um enfeite retórico no discurso político, e não como uma questão que verdadeiramente ameaça nossa existência no planeta. Chegamos ao “ponto de mutação” em que, ou pensamos seriamente em uma sucessão a esse sistema ou sucumbiremos com ele.
Luiza David F. Neves - 1º ano Direito – Matutino – Turma: 39
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