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segunda-feira, 28 de março de 2022

O Faisão Azul

Diário falado de pesquisa do Dr. Prof. José Batista Batista; Dia 19 da Comissão Organizada de Pesquisa Amazônica (COPA) edição XXIII; Gravação 1ª: 


‘Me encontro mais um dia adentrado nessa floresta densa e sem fim. Meus companheiros de pesquisa já não os vejo. Acho que me perdi deles a uma ou duas horas atrás, meu relógio está quebrado. Mais e mais espécies de folhagens e árvores típicas da Floresta Amazônica compõem o cenário desta descoberta: uma espécie de faisão ainda não catalogada. A ave tem em torno de 50 centímetros de comprimento e certamente não possui adaptação ao voo. Suas pernas e pescoço compridos, o fato de estar neste momento se alimentando de uma fruta suculenta que caiu de uma árvore e não ter alçado voo desde o momento que a encontrei confirmam minha teoria’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 19 da COPA XXIII; Gravação 2ª: 


‘Minha teoria estava equivocada. O Faisão Azul, como estou o chamando nesta aventura de pesquisa, bateu as asas e voou em minha direção, quase que me leva um dos olhos. Meus sentidos e observação me enganaram, acho que tenho de ser mais perspicaz quando reencontrá-lo, já que o perdi de vista na mata’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 19 da COPA XXIII; Gravação 3ª: 


‘Reencontrei o Faisão Azul, e para minha alegre surpresa ele não estava desacompanhado. Nosso encantador animal está neste momento no meio de um ritual de acasalamento, pelo que me parece. Em cima do galho de uma árvore está a fêmea parada observando o macho. Ele pula de galho em galho ao redor dela, com suas penas azul-turquesa reluzindo à luz do sol. Ele emite sons agudos e altos, e aparenta ser uma das mais leves aves que já vi, porque age com destreza ao se movimentar entre as plantas enquanto encanta a fêmea’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 19 da COPA XXIII; Gravação 4ª: 


Me envergonha admitir que mais uma vez me encontro enganado sobre minhas percepções. Completamente enganado. O nosso caro Faisão Azul do primeiro encontro, que quase me deixou cego, depois de muito tempo cortejando e dançando para conquistar a outra ave, desceu com ela das árvores em direção ao solo. Ao pousarem no chão, o barulho feito com suas pernas e garras foi tão alto que fez com que minha teoria de serem aves com peso leve caísse por terra. Ainda por cima o “macho” da espécie, que estava a cortejar a outra ave, na verdade era a fêmea. Percebi tal fato quando os animais começaram a cópula à sombra de uma grande folha que bloqueava a luminosidade solar. É aí que entra a pior parte. Era a primeira vez que eu os observava fora da luz do sol. E nossa cara e recém descoberta espécie de Faisão Azul Amazônico, não era azul. A luz que batia em suas penas fazia com que reluzissem, revelando a coloração azulada, porém os animais eram bege, um marrom bem comum, o que me entristeceu e intrigou ao mesmo tempo’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 20 da COPA XXIII; Gravação 1ª: 


‘Depois do episódio de ontem, consegui localizar meus companheiros de pesquisa e retornamos à nossa base de catalogação. Hoje me encontro registrando a espécie que certamente teve o prazer de me enganar. Ao redigir minha pesquisa, as descrições quase me tiraram uma gargalhada: uma ave que aparenta não voar e ser relativamente leve, mas que voa e possui grande força, apesar de ser tão ágil quanto um animal de porte bem reduzido; possui coloração azul até encontrar uma sombra, onde o sol já não reluz em suas penas e se torna bege; além disso, quem corteja na dança de acasalamento é a fêmea da espécie, o que me fez descontruir alguns pensamentos errados não somente sobre o reino animal mas também sobre o ser humano. Termino este diário de pesquisa contando-lhes o nome que concebi a este curioso animal: Phasianus Franciscus Bacon, latim para Faisão Francis Bacon’. 


Henrique de Carvalho - 1º ano de Direito

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