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sexta-feira, 19 de abril de 2019

Positivismo: a ciência e a "utopia" na ordem e no progresso social

   O entendimento do organismo da sociedade humana tornou-se uma questão pertinente ao estudos realizados pelos seus pensadores a partir do século XIX. O francês Augusto Comte (1798-1857), considerado uma espécie de "pai da Sociologia" (um dos pioneiros na elaboração do estudo e da ciência da sociedade), através de seu "Curso de Filosofia Positiva", a sua principal obra, publicada em 1830, trás conceitos introdutórios como a identificação da evolução do espírito humano, iniciando por um estado teológico onde se dá a crença no fictício e no sobrenatural, criados pela própria mente humana para a compreensão do mundo à sua volta e da própria existência (equiparado ao pensamento "primitivo" de uma criança), evoluindo para um estado metafísico cuja essência ainda não se encontra em ideias concretas e reais mas passa a indagar os seus precedentes, objetivando se aproximar de uma resposta para a natureza das coisas (equiparado ao pensamento "questionador e rebelde" de um adolescente), e finalmente atingindo um estado positivo no qual o conhecimento é utilizado como forma de explicação sólida e realista de absolutamente tudo o que existe de fato, portando-se de estruturas inabaláveis para conquistar seus propósitos (equiparado ao pensamento "maduro e emancipado" de um adulto). Sem menosprezar a existência dos primeiros dois estados, dada a sua importância como momentos de estimulação do exercício da mente humana no intuito de obter respostas, Comte afirma que nomes como Descartes, Bacon e Galileu foram as "sementes" da passagem do espírito humano para o estado positivo a partir de suas perspectivas para alcançar descobertas e afirmações concretas sobre o mundo à sua volta, contribuindo assim significativamente para a evolução também da sociedade em que viviam.
   Não se pode negar a importância provocada pelo pensamento positivista sobre a sociedade contemporânea, de modo que estabeleceu, por exemplo, as bases e as estruturas necessárias para a pesquisa científica, a qual tornou-se um forte meio de buscar soluções para problemas e dúvidas que antes pareciam ser compreendidas apenas através de dogmas, sempre a partir de uma metodologia estável que pode ser associada ao ideal de "ordem e progresso", ou seja, buscando-se uma organização e estabilidade (movimento estático, como definir uma maneira precisa de realizar uma pesquisa científica, procurando fontes e equipando-se de "materiais" necessários) para atingir uma evolução (movimento dinâmico, como procurar as verdades que resultaram de testes e conclusões realizados, facilitados evidentemente pela organização prévia). Em dado momento, o "amor por princípio" era tanto que permitiu-se a criação de uma ordem por base de cunho extremamente passional e fervoroso e, por fim, um progresso que incidia no regresso de outro: os seres humanos do fim do século XIX para até meados do século XX apostaram no nacionalismo dominante, na supremacia étnica e na indústria bélica como os suportes para eliminarem a si mesmos para atingir a glória e o progresso de sua nação em nível assombroso (não fazendo deste fato uma regra geral, pois podem ser exclusos os indivíduos movidos meramente pelo interesse financeiro).
   Neste contexto, introduz-se brevemente alguns dos ideais do pensador brasileiro Olavo de Carvalho, como pode ser observado no capítulo "Mentiras gays" da obra "O Imbecil Coletivo", onde aponta uma possível vitimização de indivíduos homossexuais na sociedade humana, bem como sua gana por obter direitos sobrepondo-se à natural heterossexualidade do ser humano, tentando colocar-se como uma normalidade que deve ser difundida. A associação que pode ser lançada entre Olavo e o pensamento positivista é expressa com o autor reafirmando uma ordem que está sendo deturpada, impossibilitando o progresso real da sociedade, ideal implícito em diferentes publicações ao longo de sua vida, o que se coloca como algo passível de críticas na medida que ignora-se as demais conquistas realizadas e concretizadas no cotidiano apenas por levar em consideração uma essência ideológica e subjetiva, ou seja, há idealização velada de um modelo social ao disparar contra costumes que ganham progressivamente maior atenção e espaço na sociedade, mas que, de fato, não representam uma ameaça à continuidade da sociedade, às diversas liberdades individuais e nem aos "progressos" que são conquistados com uma verdadeira ciência.

Eduardo Cortinove Simoes Pinto
Direito Matutino - 1º ano 

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