Durante o primeiro
semestre de 2016 a grande mídia bombardeou a opinião pública com notícias
alarmando o retorno da “gripe suína” em suas diversas plataformas, por meio de
manchetes como: “Aumento dos casos de H1N1 em São Paulo preocupa população; “Surto
de gripe H1N1 já matou 8 na capital paulista em 2016” ; “H1N1 já provocou 153 mortes no Brasil”.
Não é de se espantar,
dessa forma, que tal cenário tenha provocado uma grande comoção nacional, de
pânico e terror levando-os a tumultuar não só os postos de saúde públicos, como
também a formação de filas extensas em clínicas particulares em busca de
prevenção. Segundo o dono de uma destas clínicas, um lote de 600 vacinas que daria para
semana inteira, em situação normal, esgotou-se em apenas um dia.
Contudo, o fato
curioso é que tais notícias sobre a “gripe suína”, assim como seus casos de
morte estão anualmente presentes e, apesar de concentradas durante uma época do
ano, possuem ocorrências durante todo calendário. Além do que, os óbitos provocados
por essa gripe têm a mesma proporção, ou ainda menor, que de uma gripe comum.
Pensando nisso, como explicar essas multidões impacientes e aterrorizadas por vacinação?
Émile Durkheim, no
livro As Regras do Método Sociológico, traz o conceito de “corrente social”,
que consiste em grandes manifestações de entusiasmo, indignação ou piedade, que
chegam a cada um de nós do exterior e não tem sua origem em nenhuma consciência
particular, sendo suscetíveis, portanto, a nos arrastar mesmo contra nossa
vontade. Pensando nisso, a comoção gerada pela população por medo de contrair o
vírus mostra-se forte a ponto de ignorar os fatos racionais e concretos. De
forma paralela, Zygmunt Bauman traz essa mesma abordagem em uma de suas cartas,
no cenário britânico, e mostra que as grandes mídias aproveitam-se de manchetes
como estas, esporadicamente, para conter o decréscimo de circulação de jornais
e a queda dos índices de audiência da televisão e, assim, intensificando o caráter coercitivo dessa corrente.
Dessa maneira,
ao interpretar o "Fantasma da gripe suína" sob a lógica de Durkheim, nota-se que a atitude da opinião pública
seria uma emanação de irracionalidade do momento vivido por eles e quando se
experimenta opor-se à uma destas manifestações coletivas, os sentimentos que se
negam voltam-se para si próprio. Neste caso, seriam estes o medo de contrair a
doença e da morte. Pode-se dizer, portanto, que somos vítimas de uma ilusão que
nos faz acreditar termos sido nós quem elaborou aquilo quê se impôs do
exterior.
Segundo Durkheim “É assim que
indivíduos, em geral perfeitamente inofensivos, podem se deixar arrastar a atos
de atrocidade quando reunidos em multidão".
Giovanna Menato Pasquini- 1º ano Direito, Matutino
Nenhum comentário:
Postar um comentário