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sábado, 19 de agosto de 2017

Sorria, você está sendo enganado.

Durante o primeiro semestre de 2016 a grande mídia bombardeou a opinião pública com notícias alarmando o retorno da “gripe suína” em suas diversas plataformas, por meio de manchetes como: “Aumento dos casos de H1N1 em São Paulo preocupa população; “Surto de gripe H1N1 já matou 8 na capital paulista em 2016” ;  “H1N1 já provocou 153 mortes no Brasil”.
Não é de se espantar, dessa forma, que tal cenário tenha provocado uma grande comoção nacional, de pânico e terror levando-os a tumultuar não só os postos de saúde públicos, como também a formação de filas extensas em clínicas particulares em busca de prevenção. Segundo o dono de uma destas clínicas, um lote de 600 vacinas que daria para semana inteira, em situação normal, esgotou-se em apenas um dia.  
Contudo, o fato curioso é que tais notícias sobre a “gripe suína”, assim como seus casos de morte estão anualmente presentes e, apesar de concentradas durante uma época do ano, possuem ocorrências durante todo calendário. Além do que, os óbitos provocados por essa gripe têm a mesma proporção, ou ainda menor, que de uma gripe comum. Pensando nisso, como explicar essas multidões impacientes e aterrorizadas por vacinação?
Émile Durkheim, no livro As Regras do Método Sociológico, traz o conceito de “corrente social”, que consiste em grandes manifestações de entusiasmo, indignação ou piedade, que chegam a cada um de nós do exterior e não tem sua origem em nenhuma consciência particular, sendo suscetíveis, portanto, a nos arrastar mesmo contra nossa vontade. Pensando nisso, a comoção gerada pela população por medo de contrair o vírus mostra-se forte a ponto de ignorar os fatos racionais e concretos. De forma paralela, Zygmunt Bauman traz essa mesma abordagem em uma de suas cartas, no cenário britânico, e mostra que as grandes mídias aproveitam-se de manchetes como estas, esporadicamente, para conter o decréscimo de circulação de jornais e a queda dos índices de audiência da televisão e, assim, intensificando o caráter coercitivo dessa corrente.
Dessa maneira, ao interpretar o "Fantasma da gripe suína" sob a lógica de Durkheim, nota-se que a atitude da opinião pública seria uma emanação de irracionalidade do momento vivido por eles e quando se experimenta opor-se à uma destas manifestações coletivas, os sentimentos que se negam voltam-se para si próprio. Neste caso, seriam estes o medo de contrair a doença e da morte. Pode-se dizer, portanto, que somos vítimas de uma ilusão que nos faz acreditar termos sido nós quem elaborou aquilo quê se impôs do exterior.  


Segundo Durkheim “É assim que indivíduos, em geral perfeitamente inofensivos, podem se deixar arrastar a atos de atrocidade quando reunidos em multidão".

Giovanna Menato Pasquini- 1º ano Direito, Matutino

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