Solidariedade Orgânica
Na construção de
sua teoria, Durkheim preocupa-se em diferenciar a solidariedade mecânica da
orgânica, e as analisa profundamente. Enquanto a primeira é típica das
sociedades menos especializadas, em que a paixão sobrepunha a razão e a
investigação dos fatos, a segunda faz-se presente quando há certa divisão do
trabalho, quando a especialização torna-se fenômeno suficiente para gerar uma interdependência,
e a simples emoção não é capaz de restituir o que foi lesionado.
Mesmo havendo
grande diferença entre essas duas solidariedades, elas coexistem em nossa
sociedade atual. Podemos verificá-las facilmente vivenciando alguns fatos ou lendo
notícias em jornais e revistas.
Quando assistimos a cenas de violência ou impaciência estamos
diante da solidariedade mecânica. Esses atos se realizam sem que haja uma
racionalização intensa, a paixão é superior a qualquer argumento. Está claro
que, em um assassinato que é resultado de uma briga de trânsito ou o
linchamento de uma aluna por conta de um vestido curto, a razão não é o lado
mais forte e direcionador das ações.
Quando a ciência do
direito se faz presente para analisar e julgar atos criminosos, não é a emoção
e o desejo por vingança que decidem o destino daquele que cometeu tal ato, mas
sim a razão, a técnica. Esse é o tipo de ação que é característica da
solidariedade mecânica.
Nossa sociedade é complexa demais para que a analisemos considerando apenas um dos lados da questão. Não há uma classificação, ela é dinâmica, não se encaixa em conceitos delimitados. Somos profundos e isso faz com que em nossa socieadade se dê tanto ações mecânicas quanto orgânicas.
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