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segunda-feira, 28 de março de 2011

"A velocidade é irrelevante quando se vai na direção errada"



Segundo René Descartes, “os que andam muito devagar podem avançar bem mais, se continuarem sempre pelo caminho reto, do que aqueles que correm e dele se afastam”. É assim, que o filósofo francês, conduz “O Discurso do Método”, orientado pela razão como forma de superar a superstição, a magia e a alquimia na construção do conhecimento.


Para compreender a fundo sua obra é indispensável levar em consideração o contexto histórico no qual ela foi escrita. Um período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, onde a ciência e a razão ganhavam força em uma sociedade marcada pelo predomínio da Igreja e a exaltação da fé.


Acreditando ser a razão a única coisa que diferencia homens de animais, Descartes busca verdades e princípios de caráter absoluto e imutável dentro da ciência. Descrente do ensino tradicional, bem como da filosofia baseada na tradição clássica, o filósofo sugere um método quase matemático para conduzir o pensamento humano, acreditando ser este um alicerce firme para a construção de algo sólido. Assim, construir-se-ia tudo, do mais simples ao mais complexo, articulando todas as partes, de forma clara, embasada na razão.


Apesar de sua crítica ao ensino da época, exaltava a aprendizagem das línguas, pois as considerava necessárias ao entendimento dos livros antigos, que eram como conversações com as pessoas mais qualificadas dos outros séculos. Descartes reconhecia assim, a importância da leitura para estimular o espírito, fazer crescer, formar juízo de valor e estimular virtudes. Seu método trouxe inúmeros benefícios para a física, a matemática, e é claro para a filosofia.


Descartes criticava também o conhecimento sobrenatural e duvidava de tudo aquilo que era inculcado pelo hábito. Julgava a dúvida como o princípio fundamental do novo método científico. E em oposição aos outros filósofos, acreditava que a razão era superior aos sentidos na busca pelo conhecimento. Tendo por fundamento o princípio “penso, logo existo”, adotou a clareza como critério de verdade.


Em contraposição à busca do racionalismo como caminho para verdade, segundo Descartes Deus continuava sendo o referencial último do conhecimento, considerado um “ser perfeito”. Assim, caminhando devagar, mas no caminho reto, Descartes lançou as bases do racionalismo, sem romper com a fé cristã, tendo como explicação última do método científico uma fundamentação subjetiva, apoiada em Deus.

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