Em tempos de conhecimentos sustentados por aspectos religiosos, místicos e mágicos, René Descartes, em Discurso do Método, evidencia a necessidade dos métodos científicos para a construção do conhecimento, só sendo possível alcançar conhecimento por meio da razão.
Para isso, o filósofo partiu do princípio da fragmentação de conceitos e ideias, com a intenção de atingir verdades primordiais que funcionassem como alicerce para outros pensamentos e verdades. Não satisfeito com os resultados desse pensamento, Descartes fez o oposto. Decidiu que deveria rejeitar tudo aquilo que pudesse propiciar a menor dúvida, com o intuito de ver se, depois disso, restaria algo que fosse completamente incontestável. Porém, diante de tantas indagações sem resposta, julgou todo esse incansável ato de pensar como a única certeza sólida e correta, criando então o seu primeiro princípio com a máxima: ‘’penso, logo existo’’.
Com isso, sempre pensando, Descartes criou o hábito da dúvida e passou a questionar ainda mais o mundo e as suas verdades, de forma que o conhecimento se deparava nos mais diversos labirintos. Refletindo daquilo que duvidava, percebeu que o conhecer era mais perfeito do que o duvidar e, se foi possível que chegasse à essa conclusão, concluiu que havia algo mais perfeito que possibilitou à ele tal conhecimento. Conhecimento esse, que só poderia ter sido colocado nas ideias do filósofo por uma natureza que fosse, de fato, perfeita. À essa natureza, Descartes denominou ‘’Deus’’.
E foi assim, defendendo a busca por conhecimentos sólidos embasados na razão e em conceitos concretos e, ao mesmo tempo, considerando uma natureza superior que orienta o nosso pensamento - Deus - que, de forma antagônica, o pensamento cartesiano sustentou suas ideias e proporcionou o advento da evolução da ciência e do homem.
Além disso, assim como Descartes se utilizou do pensamento socrático durante os seus questionamentos, ao negar tudo aquilo que pudesse propiciar dúvidas -‘’só sei que nada sei’’- é fundamental que o mundo contemporâneo se utilize do legado cartesiano, pois muitos dos entraves atuais poderiam ser trabalhados com os conceitos desse filósofo. Em época de tantas diferenças e heterogeneidades, da mesma forma que Descartes concluiu que a fé e a ciência não são opostos, mas se completam, os conflitos e as diferenças da atual conjuntura deveriam seguir essa mesma perspectiva, possibilitando o desenvolvimento não só da ciência, mas também das relações humanas.
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