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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

O Capitalismo Moderno: velhas amarras, novas correntes

   No século XXI, com o desenvolvimento da Revolução Técnico-Científica e Informacional, as forças produtivas sofreram um imenso aprimoramento tecnológico, favorecendo, principalmente, os setores de informática e robótica. Sendo assim, esse avanço da ciência permitiu não só uma mudança nos instrumentos de ofício, mas também nas próprias relações trabalhistas. Há, portanto, uma realidade etérea entre as empresas contemporâneas e seus respectivos funcionários.

   Primeiramente, na esfera filosófica, Karl Marx e Friedrich Engels na obra, A ideologia alemã, argumentam sobre o fato dos homens serem diferentes dos outros animais, visto que produzem seus meios de existência, constituindo indiretamente sua própria vida material. Com isso, é através dessas relações materiais que os seres humanos constroem a sua história e seus pensamentos, sendo essa dependência dos homens entre si, condicionada pelas necessidades e pelo modo de produção que é tão antigo quanto ele. Entretanto, essas interações humanas podem ser desarmônicas, prejudicando os indivíduos ou, até mesmo, estabelecendo vínculos exploratórios.

   Seguindo essa lógica de exploração, Richard Sennett relata no primeiro capítulo de seu livro, A corrosão do caráter, um encontro com o jovem Rico. Ademais, após muito debate o autor revela uma conclusão sobre a flexibilidade nas relações do trabalho, a saber que o novo capitalismo enfatiza situações de instabilidade no emprego, somado a uma falsa percepção de controle e respeito próprio no serviço. Por conseguinte, Sennett exemplifica essa ilusão de segurança com a história do pai de Rico, o qual sentia que se tornava o autor de sua vida a cada conserto e prestação paga da casa, embora fosse inferior na escala social por ser faxineiro.

   Em suma, o atual sistema de uberização, no ambiente profissional, evidencia a gradual perda de direitos trabalhistas pela população, uma vez que esta é constantemente excluída dos maiores lucros empresariais, desvinculando o prestador de serviços com o argumento de que este representa um funcionário autônomo. Dessa forma, através de uma ideologia análoga a existente no texto de Sennett, o sistema capitalista moderno impõe uma enganosa crença de que o indivíduo produz somente para a manutenção de sua vida. Contudo, é exatamente neste aspecto que se encontra os maiores tipos de exploração salarial e humana sobre o trabalhador.


Bruno Solon Viana - Direito Matutino Primeiro Semestre

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