Em 1637, a comunidade científica se deparava com um marco de grande
mudança em seu pensamento devido à publicação da principal obra filosófica de
René Descartes: O Discurso do Método.
Neste período, o universo era interpretado como uma máquina, dotada de
autonomia e cujo funcionamento era
estritamente mecânico, passível de análise matemática e objetiva. Com Descartes
instituiu-se o pensamento dualista, pelo qual há a compreensão de que a natureza
e o homem, especificamente, são compostos por uma porção física (material) e
outra espiritual (a alma), ambas interligadas e interdependentes. No caso dos
seres humanos a função de conexão entre tais partes era realizada pela glândula
pineal, hoje chamada Hipófise pelas neurociências.
Até hoje, a visão dualista de Descartes se manifesta primariamente na
Religião, na “parapsicologia” e nas demais “paraciências” que têm como objetivo
explicar o mundo sem levar em consideração teorias cientificas mais modernas,
complexas e embasadas, exprimindo uma visão de mundo um tanto simplória. Por
exemplo, hoje é sabido que o funcionamento físico de dado organismo é resultado
de uma interação química, tanto no âmbito mental quanto no muscular, tal como
afirmado na posição monista de certas correntes cientificas.
Não obstante, a visão mecanicista de Descartes foi igualmente superada
pela interpretação Dialética dos fenômenos – inclusive socioeconômicos e
psicológicos – de forma que todo objeto de estudo é passível de analise como
contradição de um mesmo fato, partindo de distintos pontos de vistas.
Assim, embora revolucionário em seu tempo e de inegável significância na
composição histórico, social e cientifica de nosso universo de conhecimento,
Descartes não pode ser lido sem que se leve em consideração seu contexto: um
mundo recém-saído das trevas culturais e extremamente influenciado pela crença religiosa.
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