Cumpre, inicialmente, salientar que a ideia primordial da obra — Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, é a de distinguir o Socialismo Científico — codificado por Karl Marx e o próprio Engels — e o Socialismo Utópico.
Para isso, faz uma reflexão dos antecedentes históricos ao surgimento do socialismo utópico, principalmente, no que tange à subversão do Antigo Regime pela implantação de um governo liberal pela burguesia, através dos ideais iluministas.
Todavia, nota-se que o verdadeiro objetivo dessa classe era o de conquistar o poder político, criando-se inúmeros privilégios. Para isso, faz-se necessária a exploração das classes sociais desfavorecidas. Vale atentar para o fato de que estas foram imprescindíveis para a ascensão política burguesa.
Faz-se mister destacar os pontos fundamentais presentes nos capítulos I, II e III da supracitada obra. No Capítulo I, Engels assinala os méritos das teorias socialistas do passado, principalmente as dos socialistas utópicos, discutindo sobre seus limites e equívocos. Basicamente, os ideais dos socialistas utópicos, entre eles Saint-Simon, Fourier e Owen, baseavam-se na crítica das injustiças e das condições de exploração da sociedade capitalista, propugnando para o fim da exploração do homem pelo homem. Denominados de utópicos por vislumbrarem uma ordem social ideal, não realizável nas condições concretas da época.
No Capítulo II, sintetiza características do método dialético em oposição ao metafísico e da concepção materialista em oposição à idealista. Além disso, a concepção materialista de história permite a análise científica do modo capitalista de produção, o entendimento de como se dá a exploração do trabalho sob esse regime e a demonstração da necessidade e possibilidade de sua superação.
No Capítulo III, analisa as contradições básicas do capitalismo (capital x trabalho, burguesia x proletariado). Ademais, enfatiza-se a revolução proletária como ato que socializa os meios de produção.
Verifica-se que ao contrario dos utópicos, Marx e Engels preocuparam-se em compreender a dinâmica do capitalismo, sendo necessário, para isso, a análise de suas origens, conceitos e contradições. Tal concepção diverge dos ideais utópicos, haja vista que estes objetivavam determinar uma sociedade ideal.
E mais, o socialismo científico acolhe a tese de que o capitalismo, inevitavelmente, será superado, seja pela sua própria dinâmica evolutiva, seja pela conscientização da classe trabalhadora ao entender-se como classe revolucionária.
Vale ressaltar, por fim, que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém, necessária, para se alcançar a sociedade comunista, representando, assim, o momento máximo da evolução histórica do homem, marcada pela ausência de divisão de classes sociais, de propriedade privada e do Estado. Isso seria possível a partir, entre outros fatores, da organização da classe trabalhadora.
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