Como tal se percebe no capítulo A Maquinaria e a Indústria Moderna, em O Capital, Marx analisa, criticamente, que o papel da família nas
fábricas é essencial para a sobrevivência delas, porém, a junção de cada pessoa
que integra a família faz com que ela saia prejudicada. Assim, Marx demonstra
com suas sábias palavras que a aquisição da família inteira (quatro pessoas,
por exemplo) desvaloriza o valor da força de trabalho do chefe familiar.
De modo a pensar profundamente no papel de todos os
componentes de uma família na apropriação dos bens que a sustentarão, é necessário
levar em conta o motivo pelo qual era necessário que toda a família trabalhasse
num mesmo lugar, para no final, acabarem sendo explorados e engolidos pelo
capital. Logo, dá-se a entender que todos esses componentes agiam de modo
contraditório, já que eles trabalhavam para conseguir um modo de sobrevivência
(no caso, o capital), mas, paralelamente, suprimiam o tempo de lazer, de
proveito com a própria família, para trabalhar. À tona, vem a mais-valia, que é
o objeto mais valioso do capitalista.
Porém, se a família não se aglomerasse para conseguir
sobreviver e adquirir força de trabalho conjuntamente, o que seria dela sem
essa dependência do capital? A luta contra a maquinaria já era desumana e
injusta, já que, a continuidade das máquinas, diferentemente da inconstância
dos humanos, era extremamente vantajosa e proporcionava um lucro maior e
transferia um valor maior ao produto. Assim, afirma-se que a instituição
familiar não foi e é essencial, como também torna-se um forte agrupamento que
possibilitou a afirmação do capitalismo na sociedade.
Logo, nada mais que “possibilitadora” da existência das máquinas,
a família enriqueceu os patrões com o estabelecimento da mais-valia, sem ao
menos querer tal fato. Entretanto, se pensarmos na aplicação do pensamento de
Marx atualmente, chega-se à conclusão de que esse vínculo que a família possuía
com a fábrica não existe abundantemente como antes, mas ainda existe, pois,
pensando na liberdade que a mulher conquistou ao longo das últimas décadas,
ela, automaticamente, não se vincula obrigatoriamente à imagem do chefe de família,
o homem. Desse modo, a renda individual se divide e comprime a
desproporcionalidade que o capital estabelecia para a força de trabalho.
Portanto, deve-se levar em conta que a família patriarcal,
mesmo existindo nos dias de hoje, subsidiava estruturalmente o capitalismo,
pois possibilitava o trabalho das mulheres e das crianças nas fábricas. Agora,
com o desenvolvimento contínuo do Direito e das leis, é possível colocar a
liberdade individual e o merecimento de tal num dos principais patamares
sociais, juntamente com o sucesso profissional e econômico.
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