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domingo, 5 de dezembro de 2021

Sara Araújo e o trote da UNIFRAN

 

Em 2019, um ex-aluno da UNIFRAN foi indiciado pelo MP por promover um trote de caráter estritamente machista para as calouras do curso de medicina. Assim, durante o trote, o ex-aluno proferiu um juramento às calouras, o qual remetia à cultura do estupro e colocava as mulheres em posição de inferioridade. Logo, o MP solicitou que o requerido fosse condenado ao pagamento de indenizações por dano moral coletivo e por dano social, uma vez que infringiu a dignidade das calouras.

Entretanto, apesar de várias provas concretas do MP, a juíza, detentora de poder simbólico, julgou improcedente a petição do MP, alegando que o juramento não ofendia à coletividade das mulheres. Assim, nesse caso, é possível adotar o posicionamento da juíza para explanar o pensamento sociológico de Sara Araújo.

De acordo com Sara Araújo, é comum o Direito expressar a lógica cultural dominante, a qual é caracterizada por um conservadorismo caótico e, portanto, não assegura os direitos de todos os segmentos sociais. Dessa forma, no caso citado, é notável que o julgamento da juíza se baseia em argumentos machistas e retrógrados, os quais não oferecem a proteção devida e legal à caloura da UNIFRAN. Assim, apesar de evidências claras de apologia ao estupro no trote da UNIFRAN, a juíza insiste em apresentar argumentos que minimizem a postura machista do ex-aluno do curso de Medicina da UNIFRAN. Com isso, é evidente que os interesses feministas, tal como salienta Sara Araújo, são menosprezados e invisibilizados pelas cultura dominante do século XXI, a qual, detentora de enorme poder, influencia os julgamentos no campo jurídico.

Além disso, no julgado, a juíza, repetidamente, tenta difamar e diminuir as conquistas do movimento feminista, com a finalidade de fortalecer a linha abissal que separa a modernidade eurocêntrica dos movimentos sociais contemporâneos. Assim, tal difamação, além de demonstrar uma tentativa de legitimar o julgamento machista da juíza, também configura tentativa da cultura dominante em coibir a disseminação das ideias e demandas das minorias sociais. Portanto, seja através da difamação, da rejeição ou do esquecimento das demandas sociais, a cultura dominante se torna cada vez mais hegemônica, influenciando várias áreas da atuação humana.

ENZO MARIO SUGUIYAMA 1 ANO DIREITO MATUTINO

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