Simples trocas, contratos firmados na observância e valorização das qualidades pessoais e morais, compras e vendas realizadas pessoalmente. Estes são traços que poderiam compor a face da Economia em tempos passados. Atualmente, sua fisionomia alterou-se muito, ganhando os contornos do digital, eletrônico, impessoal. Diversos mecanismos foram criados, buscando garantir os direitos e prevenir da má-fé, das fraudes e dos possíveis prejuízos, já que o capitalismo, ao contrário do que pensa a esmagante maioria, não é marcado pelo caráter aventureiro e até inconsequente em seus riscos, mas é aquele que preza pela estabilidade (seguros das mais variadas naturezas, investimentos a longo prazo, extensos contratos).
O Direito, pai de todos estes mecanismos, vem atender aos reclames sociais. Assim, "quem tem, de fato, poder de disposição sobre uma coisa ou pessoa abtém, mediante a garantia jurídica, segurança específica quanto à perduração deste poder, e aquele a quem foi prometida alguma coisa obtém segurança de que a promessa seja cumprida ", como já apontava Weber em seus estudos. Torna-se, neste contexto, membro participante da Economia todos aqueles que dispuserem de condição financeira, não mais apenas os pertencentes à determinada família ou os possuidores de certos cargos ou privilégios políticos. Fato observado hoje que é fruto do agir burguês, possibilitando que a atuação no âmbito econômico não seja restrita, já que depende dos próprios esforços de cada um, em nada relacionados com a linhagem ou status político.
Ao analisar-se a sociedade que agora se apresenta, torna-se sempre mais evidente a atualidade do pensamento weberiano. Realmente racionalizou-se tudo quanto foi possível. As relações pessoais, econômicas e políticas se aproximam das equações matemáticas, já que possuem resultado certo, estipulado e cuidadosamente calculado, em uma superficialidade e impessoalidade incontestáveis. Valores morais configuram-se no conjunto vazio e cabe ao Direito, incumbido de organizar e possibilitar a convivência em sociedade, trazer aos códigos o que foi esquecido pela sociedade: a boa-fé, as garantias de pagamento, o tesmunho verdadeiro. Por outro lado, preocupa-se tanto em proteger-se contra as instabilidades e azares da vida que os indivíduos tornaram-se presos à solenidades, contratos, formalidades, como se os atos praticados não pudessem seguir seu próprio curso, fazendo-se mecânicos, previstos e não humanos verdadeiramente.
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