Judicialização é um fenômeno global que envolve temáticas políticas, sociais e morais, onde suas questões mais importantes nesses âmbitos são solucionadas unicamente pelo Poder Judiciário e não pelos outros poderes, ou seja, o Executivo e o Legislativo. Antoine Garapon, grande jurista francês, define essa judicialização como tópicos que em tese deveriam ser analisados dentro da área política, mas que não possuem tanta força para tal devido a sua fraca representatividade política e, logo são direcionados à área da justiça.
Este conceito é muito pertinente na análise do caso de tentativa de censura pelo próprio prefeito do Rio de Janeiro durante a Bienal do Livro no ano de 2019. Os livros da Marvel, companhia de quadrinhos de heróis, foram taxados indevidos ao público infanto-juvenil, ao qual é voltado, por conter uma ilustração de dois super-heróis se beijando em uma das páginas. O acusante posicionou a cena como erótica e implicou a obrigação do uso de embalagem lacrada e com advertência de conteúdo pornográfico.
Mesmo que o assunto se encaixe melhor na área da política com uma possível normalização da representatividade homoafetiva em quadrinhos tão diversos como o universo cinemático da Marvel, acaba caindo na área da justiça por conta do preconceito enraizado além do próprio conservadorismo dominante. Antoine diz que a diversidade cultural caminha por uma maior demanda de justiça, que é acionada com o propósito de acalmar problemáticas e agonias de um indivíduo sofredor moderno, este sendo, Marcelo Crivella.
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