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domingo, 6 de abril de 2014

Sociedade Mecânica

O filme se inicia com o encontro dos personagens no castelo Mont Saint Michel, na França, no qual uma física inconformada, um político idealista e um poeta intermediador passam a discutir as relações existentes entre o homem, a sociedade e a natureza.
 A obra inaugura a discussão entre os personagens através de uma discussão acerca de Descartes. René Descartes, considerado o pai da filosofia moderna, cria um método para se obter o conhecimento verdadeiro, através do uso exclusivo do labor da mente. Esse método, que é discutido na obra, se baseia no principio de propor a duvida a tudo que deseja saber, efetuar fragmentação nos objetos de estudo e analisa-los ordenadamente do mais simples para o mais complexo. Quando ele é aplicado gera uma visão mecanicista do mundo, que deprime o caráter humano no âmbito das relações humanas, já que o homem passa a ser analisado sob uma perspectiva de um ser exato, desprovido de erros e desvios, além de omitir as relações existentes entre objetos e o sistema da natureza. Um dos grandes argumentos usados pela cientista para se opor ao sistema cartesiano é a afirmação de que os problemas do mundo atual não podem ser estudados e resolvidos sem preservar as ligações entre esses problemas, devendo entender as conexões existentes entre eles primeiro.
Além disso, ocorre uma discussão acerca da política, colocando em duvida as reais intenções do Estado sobre a vida dos cidadãos. Os governos de todo o mundo, na maioria das vezes, utilizam a maquina estatal apenas como uma forma de legitimar a relações econômicas das classes sociais superiores. O Estado possui uma visão mecanicista da sociedade, agindo independentemente do resultado para a população, privilegiando a intervenção à prevenção, ou seja, prevalecendo os interesses dos extratos superiores da sociedade através de um grande hiato existente entre os mais privilegiados e os menos.
 Segundo a cientista, partindo de uma visão biológica, observa-se a interdependência existente entre toda a escala biológica, onde cada ser depende diretamente e indiretamente do outro. Essa visão se opõe a visão cartesiana, já que não vai analisar cada fenômeno da natureza de maneira ímpar, mas sim de uma maneira que interligue todos os fenômenos formando uma teia de acontecimentos ligados entre si.  
Essa visão sistêmica dos fatos vai ser apresentada aos personagens pela cientista no âmbito social, politico e científico. Observando a sociedade atual, podemos notar a expressiva individualidade existente, decorrente do sistema capitalista. Para que a estruturação de uma sociedade seja mais integrada é necessário uma análise que a estude de maneira sistêmica, observando os processos e não as estruturas para manter um modo mais harmônico de convívio social.
Durante a discussão, a cientista aborda questões relacionadas ao campo da física, retratando a infinidade das partículas, e a controvérsia da matéria. Essa abordagem tem por interesse apresentar, de maneira metafórica, a necessidade de se abordar os fatos a partir de um contexto já existente, de maneira que sempre estejam interligados aos fenômenos relacionados.  A visão de que toda a matéria depende de uma simples partícula repousa na ideia de dependência existente entre fatos, na visão sistemática do mundo.
Além disso, percebemos a dualidade existente entre os pronunciamentos da cientista e a sua realidade em relação a seu relacionamento com sua filha. Embora ela pregue uma visão mais ampla dos problemas a fim de resolvê-los ocorre uma ação contraria em relação a sua filha, que é tratada de maneira pouca compreensiva.
Ao mesmo tempo, ocorre o desencanto da cientista pela ciência teve origem nos fins dados a suas descobertas, que invés de serem usadas para o bem do ser humano, foi usado em benefícios militares de uma nação, indo contra seus próprios princípios, levando-a a crer num futuro sombrio para a humanidade.

A obra, por si, tem o interesse de nos levar à reflexão sobre tudo que pode ser visto de maneira mecanicista, induzindo ao questionamento sobre o que é melhor para a humanidade, o que possa levar a um desenvolvimento social e ecológico ou a uma destruição mútua.
Gustavo Alarcon Rodrigues  1º Ano Direito Matutino

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