O
filme se inicia com o encontro dos personagens no castelo Mont Saint Michel, na
França, no qual uma física inconformada, um político idealista e um poeta
intermediador passam a discutir as relações existentes entre o homem, a
sociedade e a natureza.
A obra inaugura a discussão entre os
personagens através de uma discussão acerca de Descartes. René Descartes,
considerado o pai da filosofia moderna, cria um método para se obter o
conhecimento verdadeiro, através do uso exclusivo do labor da mente. Esse método,
que é discutido na obra, se baseia no principio de propor a duvida a tudo que
deseja saber, efetuar fragmentação nos objetos de estudo e analisa-los ordenadamente
do mais simples para o mais complexo. Quando ele é aplicado gera uma visão
mecanicista do mundo, que deprime o caráter humano no âmbito das relações
humanas, já que o homem passa a ser analisado sob uma perspectiva de um ser
exato, desprovido de erros e desvios, além de omitir as relações existentes
entre objetos e o sistema da natureza. Um dos grandes argumentos usados pela
cientista para se opor ao sistema cartesiano é a afirmação de que os problemas
do mundo atual não podem ser estudados e resolvidos sem preservar as ligações
entre esses problemas, devendo entender as conexões existentes entre eles
primeiro.
Além
disso, ocorre uma discussão acerca da política, colocando em duvida as reais intenções
do Estado sobre a vida dos cidadãos. Os governos de todo o mundo, na maioria das
vezes, utilizam a maquina estatal apenas como uma forma de legitimar a relações econômicas
das classes sociais superiores. O Estado possui uma visão mecanicista da
sociedade, agindo independentemente do resultado para a população,
privilegiando a intervenção à prevenção, ou seja, prevalecendo os interesses
dos extratos superiores da sociedade através de um grande hiato existente entre
os mais privilegiados e os menos.
Segundo a cientista, partindo de uma visão
biológica, observa-se a interdependência existente entre toda a escala biológica,
onde cada ser depende diretamente e indiretamente do outro. Essa visão se opõe a
visão cartesiana, já que não vai analisar cada fenômeno da natureza de maneira
ímpar, mas sim de uma maneira que interligue todos os fenômenos formando uma teia
de acontecimentos ligados entre si.
Essa
visão sistêmica dos fatos vai ser apresentada aos personagens pela cientista no
âmbito social, politico e científico. Observando a sociedade atual, podemos
notar a expressiva individualidade existente, decorrente do sistema
capitalista. Para que a estruturação de uma sociedade seja mais integrada é necessário
uma análise que a estude de maneira sistêmica, observando os processos e não as
estruturas para manter um modo mais harmônico de convívio social.
Durante
a discussão, a cientista aborda questões relacionadas ao campo da física,
retratando a infinidade das partículas, e a controvérsia da matéria. Essa
abordagem tem por interesse apresentar, de maneira metafórica, a necessidade de
se abordar os fatos a partir de um contexto já existente, de maneira que sempre
estejam interligados aos fenômenos relacionados. A visão de que toda a matéria depende de uma
simples partícula repousa na ideia de dependência existente entre fatos, na visão sistemática do mundo.
Além
disso, percebemos a dualidade existente entre os pronunciamentos da cientista e
a sua realidade em relação a seu relacionamento com sua filha. Embora ela
pregue uma visão mais ampla dos problemas a fim de resolvê-los ocorre uma ação contraria em relação a sua filha, que é tratada de maneira
pouca compreensiva.
Ao
mesmo tempo, ocorre o desencanto da cientista pela ciência teve origem nos fins
dados a suas descobertas, que invés de serem usadas para o bem do ser humano, foi
usado em benefícios militares de uma nação, indo contra seus próprios princípios,
levando-a a crer num futuro sombrio para a humanidade.
A
obra, por si, tem o interesse de nos levar à reflexão sobre tudo que pode ser
visto de maneira mecanicista, induzindo ao questionamento sobre o que é melhor
para a humanidade, o que possa levar a um desenvolvimento social e ecológico ou
a uma destruição mútua.
Gustavo Alarcon Rodrigues 1º Ano Direito Matutino
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