Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 6 de abril de 2014

Meu Novo Mundo

     
Cadê minha mamãe? Me esgoelava, gritava, me revirava, mas ela não vinha. Será que ela foi embora? Por que me abandonar? Foi quando de repente ouvi a porta do quarto abrindo. Sabia que ia ser ela. A porta se entreabria cada vez mais e minha expectativa só aumentava. De súbito pensei que fosse parar finalmente de chorar. A penumbra se esgotou e pude ver quem estava a vir. Era a Dona Lurdes. Quando mamãe cansava de mim e me abandonava era essa senhora que cuidava de mim. Voltei a gritar.

Ela me pegou no colo, me acariciou e me acolheu. Mamãe já vem, ela foi trabalhar. Só isso que sabia repetir.Mas o que era trabalhar? Nunca havia experimentado tal sensação. Conhecia o que era comer, brincar, trocar frauda, fazer xixi, mas trabalhar eu nunca havia conhecido sua ação, seu cheiro, e até seu gosto. E Lurdes repetia isso quase todos os dias.

Mais tarde me colocaram no meu acento à mesa. Ao fundo ouvia Lurdes discutindo com alguém sobre minha papinha. Ele não vai gostar nada dessa daqui. Claro que vai, é um sabor novo.  Mas ele não gosta de coisas novas. "Dá" logo pra ele. Vou tentar.
Ela chegou com uma colher na mão repleta de uma substância diferente. Deveria ser a "papinha de outro sabor". Não queria abrir a boca, ela já havia falado que eu não iria gostar. Ela insistia. Usou até a frase mágica. "olha o aviãzinho". Sempre quando ela falasse isso aprendi que deveria abrir a boca. Mas dessa vez NÃO.

Ela voltou a insistir depois de um tempo. Eu não aguentava mais ficar lá sentado, mas não queria provar a asquerosa papinha. Ela insistia, insistia, insistia........................................

Não tive como não EXPERIMENTAR. 



Túlio Boso Fernandes dos Santos
Direito Matutino
Turma XXXI


Nenhum comentário:

Postar um comentário