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domingo, 6 de abril de 2014

A ação me faz falta

René Descartes contribuiu significativamente para a valorização da razão e questionamento dos fatos mundanos, em detrimento da filosofia contemplativa, isenta de fundamentos científicos. Contudo, ele não ressaltou a importância da experiência, de forma a transformar toda a sua teoria em prática. Essa, por sua vez, foi a grande contribuição de Francis Bacon, empirista inglês chamado de “o fundador da ciência moderna”.
Bacon refutou o método científico de antecipação da mente e defendeu o da interpretação da natureza, o qual consiste na experimentação ilimitada em busca do conhecimento. A ideia de que é real apenas o que pode ser provado empiricamente obteve grande importância na área do Direito, uma vez que a prova é fator determinante para o julgamento dos cidadãos. Ele ressaltou o quão perigosa é a falácia dos sentidos, por isso a necessidade de rejeição do labor da mente por si mesma. Se, ao julgar um crime, o juiz fosse influenciado por suas paixões, educação e filosofias, é indubitável que inseriria total parcialidade no caso, aumentando, assim, a injustiça nos tribunais.
Não somente na área do Direito, a influência de Bacon apresentou-se também no ideal de transformação da realidade, a qual foi inserida na mente da burguesia em ascensão, sendo  primordial para a alteração de sua condição social.  No mundo contemporâneo, essa ideia conservou-se: não há sentido algum em se apegar a doutrinas e teorias, sem valorizar a prática. De que adianta uma Constituição “Cidadã”, pregadora da igualdade e justiça, se a realidade denuncia a pobreza, miséria e corrupção?  As manifestações de 2013 demonstraram a quebra da inércia da população, a qual estava, até então, apegada somente a ideias e estéril de ações.
A ciência, segundo Bacon, é infinita, uma vez que serve de alicerce para mais ciência. O principal obstáculo nessa busca interminável por conhecimento é a ilusão sensorial, a qual deve ser refutada e substituída pela experiência. É preciso inovar e explorar a todo instante, a fim de que a práxis cumpra seu papel transformador da realidade e engrandecedor do homem. Como diria Patrícia Rehder Galvão, “a insatisfação intelectual não me basta... a ação me faz falta!”.
Nathalia Nunes Fernandes, Direito Diurno

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