O título do filme "Ponto de mutação" remete intrinsecamente à mudança que as personagens esperam do mundo, remete, em especial, a nova ótica que advém dessa transformação ou que, de certa forma, a torna possível.
O encontro entre as personagens evidencia pontos de vistas e realidades distintas em conflito durante todo o desenrolar da trama. A personagem Sonia Hoffmann é a responsável por expor a necessidade da evolução do pensamento político e que esta mudança ha de transformar todo o contexto social. Segundo a cientista, o pensamento do homem atual funciona sobre mecanismos cartesianos, isto é, pensa os eventos isoladamente quando seria importante um olhar contextualizado que compreendesse o todo. Politicamente falando, é impossível alcançar esse "novo olhar" se analisa-se os problemas sociais separadamente, sem considerar que eles estão interligados. O exemplo concebido está relacionado ao avanço na medicina que em contrapartida fez com que essa passasse a ser efetivamente concedida apenas à classe dominante.
A suposta evolução é na verdade uma regressão mascarada, isto justifica-se pelo fato de o sistema ótimo não ser popular, e mais, justifica-se pelo fato de o governo buscar métodos interventivos ao invés de ocupar-se da prevenção dos problemas. A prevenção neste caso está diretamente ligada à preservação do meio ambiente e à sustentabilidade e coloca em xeque práticas como o uso de agrotóxicos.
O ponto retórico, contudo, é que esse sistema, proposto pela cientista, esse modelo político perfeito é de certa forma inviável pois é vantajoso ao sistema a manutenção dos problemas que leva diretamente às medidas interventivas e, portanto, dentro da política tem poder apenas aqueles que relutam no pensamento fragmentista e cartesiano. E em fato isso mantém a ordem patriarcal e assistencialista.
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