A forma com
que as pessoas enxergam o mundo é, indubitavelmente, fator determinante para os
fins que este levará. O filme “Ponto de Mutação” aborda diferentes visões por
meio de um debate entre uma cientista – defensora de uma ótica funcional – , um
poeta que tende a concordar com ela e um político portador de uma visão
cartesiana. Cada um deles, ao julgarem o trabalho de um relógio e caminharem
pelos arredores de um castelo medieval, debatem arduamente sobre como o mundo
deve ser julgado.
Se
analisado sob um prisma cartesiano, no qual todas as coisas e relações
funcionam como uma máquina, o indivíduo será preponderante ao todo e, dessa
forma, para analisar o mundo seria necessário “desmontá-lo” em pequenas seções
e analisá-las independentemente umas das outras. Já sob uma ótica
funcionalista, as relações mundanas seriam consideradas como um todo, no qual
cada parte dele está interligada e depende de outras. Esta última faz com que
se crie uma relação em cadeia, originando uma espécie de “teia da vida”. Nela,
por exemplo, o problema da miséria e da fome não deve ser analisado
isoladamente, mas sim dependente de fatores econômicos, ambientais e políticos,
para que seja enfrentado.
Segundo a
cientista do filme, Sonia Hoffmann, a população hodierna vive uma “crise de
percepção”, sendo a mudança de visão de mundo o primeiro passo para combatê-la.
Para ela, os políticos possuem em sua cabeça um relógio que faz com que, ao
analisarem uma situação de forma individualista, um problema se torne outro.
Assim, ela defende que a criatividade – capacidade de transcender-se – é a
principal característica evolutiva do homem e que é necessário a defesa de uma
sociedade sustentável, preocupada com os fins que uma relação em cadeia pode
causar para gerações futuras.
Sonia,
pautada em todos os estudos e reflexões que fizera, demonstrou-se uma mulher
farta de conhecimento e preocupação com o andamento das ações antrópicas. Se há
tantos problemas no mundo moderno, como a fome, catástrofes naturais,
desemprego e precariedade dos sistemas públicos de saúde e educação é porque analisá-lo
sob uma concepção individualista não está sendo benéfico em perspectiva alguma.
Considerar o todo e a “teia da vida” é a melhor maneira para
principiar a melhora nas relações humanas e livrar o planeta de uma catástrofe
irreversível. Para isso é necessária coragem para quebrar o paradigma
individualista que adoece e atrasa moralmente o homem moderno.
Nathalia Nunes Fernandes, Direito Diurno
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