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domingo, 6 de abril de 2014

O relógio humano não traz mudanças

A forma com que as pessoas enxergam o mundo é, indubitavelmente, fator determinante para os fins que este levará. O filme “Ponto de Mutação” aborda diferentes visões por meio de um debate entre uma cientista – defensora de uma ótica funcional – , um poeta que tende a concordar com ela e um político portador de uma visão cartesiana. Cada um deles, ao julgarem o trabalho de um relógio e caminharem pelos arredores de um castelo medieval, debatem arduamente sobre como o mundo deve ser julgado.
Se analisado sob um prisma cartesiano, no qual todas as coisas e relações funcionam como uma máquina, o indivíduo será preponderante ao todo e, dessa forma, para analisar o mundo seria necessário “desmontá-lo” em pequenas seções e analisá-las independentemente umas das outras. Já sob uma ótica funcionalista, as relações mundanas seriam consideradas como um todo, no qual cada parte dele está interligada e depende de outras. Esta última faz com que se crie uma relação em cadeia, originando uma espécie de “teia da vida”. Nela, por exemplo, o problema da miséria e da fome não deve ser analisado isoladamente, mas sim dependente de fatores econômicos, ambientais e políticos, para que seja enfrentado.
Segundo a cientista do filme, Sonia Hoffmann, a população hodierna vive uma “crise de percepção”, sendo a mudança de visão de mundo o primeiro passo para combatê-la. Para ela, os políticos possuem em sua cabeça um relógio que faz com que, ao analisarem uma situação de forma individualista, um problema se torne outro. Assim, ela defende que a criatividade – capacidade de transcender-se – é a principal característica evolutiva do homem e que é necessário a defesa de uma sociedade sustentável, preocupada com os fins que uma relação em cadeia pode causar para gerações futuras.
Sonia, pautada em todos os estudos e reflexões que fizera, demonstrou-se uma mulher farta de conhecimento e preocupação com o andamento das ações antrópicas. Se há tantos problemas no mundo moderno, como a fome, catástrofes naturais, desemprego e precariedade dos sistemas públicos de saúde e educação é porque analisá-lo sob uma concepção individualista não está sendo benéfico em perspectiva alguma. Considerar o todo e a “teia da vida” é a melhor maneira para principiar a melhora nas relações humanas e livrar o planeta de uma catástrofe irreversível. Para isso é necessária coragem para quebrar o paradigma individualista que adoece e atrasa moralmente o homem moderno.
Nathalia Nunes Fernandes, Direito Diurno 

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