A nota quebrada
que atrapalha a melodia
O filme “Ponto de Mutação” traz várias discussões de cunho filosófico, científico e biológico que questionam o pensamento atual e o modo como este influencia o mundo. Tudo isso é compreendido através do diálogo de três personagens: um político ex-candidato para a presidência dos EUA, uma física desiludida com seu trabalho e um poeta que deixou os EUA pela França.
Dentre as discussões, destaca-se a crítica contundente ao pensamento de Descartes. Na visão do filósofo e na metáfora presente no filme, é preciso que se entenda as partes, para compreender o todo. A exemplo do relógio: desmontando-se suas peças e entendendo-as uma a uma, entende-se o sistema inteiro quando todas as peças funcionam em conjunto. O erro está em aplicar esse método para a natureza e para a sociedade, como se estas fossem regidas por leis objetivas, como se funcionassem de modo mecânico, como máquinas.
Desse modo, chega-se a conclusão de que tudo acontece não independentemente, ou apenas em conjunto, mas sim nas interrelações. Como é dito no filme, uma nota musical não possui sentido se tocada isoladamente, é preciso de uma interação de diferentes freqüências com outras notas para que haja uma melodia.
Nessa perspectiva, talvez seja esse o problema da sociedade moderna: quando há algo a ser consertado, pensamos de modo compartimentado, indo direto ao problema, ou seja, busca-se consertar apenas a nota quebrada do piano. Entretanto, pode ser que o erro esteja na melodia, só que o ser humano não possui ouvidos treinados o suficiente para analisá-la a fundo, está acostumado ao processo mecânico de consertar apenas a nota quebrada.
Ana Julia Pozzi Arruda - 1° ano direito diurno
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