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domingo, 6 de abril de 2014

O que há de desconexo com a humanidade

É da autoria de William Blake (1757-1827) a seguinte fase:” Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito”. Assim, ele afirma que o homem não tem uma percepção clara das coisas a sua volta e analisa, metaforicamente,  a sociedade, o mundo, o universo, como um grande relógio, estudando cada parte separadamente, sob uma óptica cartesiana. Sua percepção do que ocorre ao seu redor é desconexa, separando política, ciência e artes humanas.

As atividades políticas que o homem realiza são egocêntricas e não coletivas. Cada nação pensa no que é bom para sua própria população sem sequer se importar com as consequências disso num nível mundial. Cada país possui políticas individualistas no cenário internacional, e usa a tecnologia de modo imediatista sem ponderar os efeitos que poderão ser causados no futuro num frenesi que procura suprir a demanda que, paradoxalmente, é criada para ele mesmo.

A ciência é tomada como ferramenta dessa política. Porém,  sem representar um estudo consciente que procura criar o melhor futuro para o homem, entender o cosmos e a vida, mas sim  apenas proporcionar armamento bélico ou agrotoxicos danosos ao solo. Logo, a ciência não é tida como uma fonte de reflexão e conhecimento; é vista de modo desconexo à nossa participação humana no planeta.

Por fim, as artes humanas são desprezadas no mundo contemporâneo. A arte, literatura e poesia não são nada mais que meros “pendulicários” do homem moderno, enquanto que deveriam representar uma reflexão profunda sobre o nosso agir em consequência com toda a vida na Terra.


De fato, o método de análise cartesiano foi de notável contribuição para o homem. Contudo, não basta mais analisar cada fator de nossa vida desconexamente, como partes de um grande relógio, mas estabelecer um ponto de mutação de nossa sociedade: a aplicação de um pensamento político dotado de responsabilidades científicas guiados pela ética e e reflexão humanas.

Carlos Eduardo Milani Neme - 1º ano direito matutino (turma XXXI)

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