"Ponto de mutação" é uma adaptação cinematográfica da obra literária homônima do físico Fritjof Capra, que se passa na ilha de Saint Michel, na França, e mostra um diálogo entre um senador, ex-candidato à presidência dos Estados Unidos derrotado nas eleições, um poeta, que se considera fracassado, e uma cientista, afastada de seus trabalhos por questões éticas e morais. O encontro dos três na fortaleza situada na ilha resulta em um debate que envolve filosofia e as demais ciências.
Partindo do método desenvolvido por René Descartes, as personagens chegam ao que seria uma das principais discussões do filme: as consequências da especialização excessiva do conhecimento para as relações sociais, ambientais e políticas, onde a tentativa de se conhecer profundamente a parte para entender o todo provocou a dificuldade de solucionar um problema de ordem global na atualidade, afinal tende-se a amenizar os casos particulares ao invés de encarar e formular soluções universais, além de ter extinguido quase totalmente a ideia de coletividade.
A crítica expressa no filme, apesar de ser muito atual, raramente é levada em consideração nos âmbitos acadêmicos e de produção científica. Talvez, se discutíssemos mais o método empregado, o porquê de não se ter uma visão ampla e suficiente de mundo no lugar da perspectiva de uma fatia desse, regada de conhecimentos, muitas vezes, pouco práticos e inutilizados, formaríamos políticos, juristas, médicos, físicos, químicos, engenheiros e profissionais de diversas ordens e áreas, mais humanizados e capacitados para enfrentar e modificar efetivamente a realidade, com consciência da importância e do impacto de seus trabalhos na sociedade em geral e mais preocupados com o bem comum, do que em beneficiar e cuidar somente de uma parcela da população.
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