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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Bourdieu, poder simbólico e igualdade


     O sociólogo contemporâneo Pierre Bourdieu, em seu estudo mais aprofundado sobre a sociedade atual, tenta decifrar ou corrigir questões de filósofos anteriores a ele, possuindo assim um conglomerado de pensamentos de diversos autores passados, como Durkheim, Marx e Weber. Uma de suas contribuições para a sociologia, além dos complexos conceitos de Habitus e Campo, consiste no estudo do significado da dominação masculina na sociedade moderna, tentando explicar os variados resultados que um meio em que o homem aparece como líder pode trazer. Analisando a ADPF 54, observamos o atraso em que o Brasil está inserido em relação aos outros países do mundo, como Alemanha e Noruega, que possuem o aborto liberado há muito tempo. Levando-se em conta a decisão do STF e o estudo de Bourdieu, fica claro que a jurisprudência de abril de 2012 é resultado de forte pressão popular, mais intensamente pelo movimento feminista, podendo-se dizer que caso existisse uma ausência desses movimentos sociais, a criminalização do aborto de anencéfalos ainda seria um entrave para a nossa evolução social. 
     O livro de Bourdieu acerca da dominação do homem também deixa claro o caráter simbólico dado à figura feminina ao longo das gerações, tirando como exemplo as suas vestimentas e o seu modo de agir, evidenciando-se assim o motivo da palavra ‘simbólico’ no contexto social. Isso torna ainda mais exposto o motivo no qual o Supremo Tribunal Federal teve um longo tempo para proferir sua sentença, mostrando que existe sim uma sociedade machista, mas que esta está caminhando para um futuro com mais igualdade e equidade.
     Em síntese, o STF adotou como inconstitucional a proibição do aborto com caráter anencefálico abrangido nos artigos 124, 126 e 128 do Código Penal. O ministro Joaquim Barbosa cita em sua fala que não se pode incriminar a autonomia e a liberdade individual de qualquer mulher. O ministro Fux agrega sob o ponto de vista da falta de perspectivas para uma futura cura sobre a questão da anencefalia, o que causaria certo desconforto por parte de seus progenitores, visto que não poderão fazer nada diante da situação vivida pela criança. Concluindo, retira-se de tudo isso que o tema relacionado ao aborto terá sempre controvérsias, principalmente em nosso país, com vertente altamente conservadora e tradicional, necessitando de maiores esforços para que haja uma maior igualdade entre os cidadão, tendo suas liberdades individuais respeitadas a qualquer modo.


Gustavo Muglia de Souza - 1° Ano - Direito Noturno





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