A existência de
uma discussão acerca de um direito exclusivamente feminino realizada por homens
é cômica, pois, primeiramente a quem se deve o direito de decidir sobre o seu
próprio corpo é a mulher. Além disso, tal discussão não é pertinente em um Estado
dito laico, já que em um Estado laico não há a sobreposição de nenhuma religião
perante a outras.
Assim como propõe
Bourdieu, a violência simbólica que consiste em “...formas de coerção que se
baseiam em acordos não conscientes entre as estruturas objetivas e as
estruturas mentais.” (Bourdieu, 2012, pg. 239), ou seja, é a coerção moral que existe
entre as classes dominadoras e as dominadas. Dessa forma, é possível entender o
que ocorre atualmente na câmara de deputados brasileira, uma maioria de homens
brancos, ou seja, dominadores, exercem uma coerção social a todos os outros indivíduos,
principalmente às mulheres.
Tendo em pauta o
tema de aborto de fetos anencéfalos é possível, claramente, observar tal violência,
os homens da câmara querem decidir o que mulheres de todo um país devem fazer
ou não com o seu corpo, e não é como se a mulher estivesse matando uma vida que
estará morta em alguns dias ou meses após o seu nascimento. Além disso não é só
a autonomia física da mulher que se encontra em jogo, mas também a sua sanidade
mental, para muitas mulheres pode ser difícil gestar um filho e o ver morrer
daqui a algum tempo, sendo a dor de perder um filho mais suave se não houver um
parto ou uma gestação longa, mas isso deveria ser escolha de cada mulher.
Portanto, a
legalidade do aborto de anencéfalos é um direito da mulher, e só dela, nenhum
homem pode mexer nisso. A escolha de um sofrimento -já esperado- é só dela, e
isso deve ser respeitado e apoiado, pois quem não passa por isso não pode
entender como é o sofrimento de uma mãe que perde o filho que nem sequer
nasceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário