No
início de 2012, ocorreu o caso de reintegração de posse da região
de Pinheirinhos. Nele, mais de 1500 famílias tiveram que deixar o
local pois a Juíza Márcia Loureiro aceitou o pedido de reintegração
feito pelo empresário Naji Nahas. A aceitação demonstra uma visão
hegeliana, onde a lei é vista como ideia-chave do Estado Moderno e
representa o autocontrole. A juíza, por seguir a lei à risca,
compartilha o pensamento de Hegel que afirma que o Direito é
pressuposto da felicidade e é expressão da vontade racional de um
povo. A Juíza também diz não olhar para a particularidade de cada
um (se o sujeito que pediu a reintegração é rico ou pobre, etc)
quando fez sua decisão, coincidindo mais uma vez com o pensamento de
Hegel, pois ele também valoriza a lei em detrimento das
particularidades (universalidade do Direito).
A
decisão claramente não se baseia no pensamento de Marx , pois ele
diria que o Direito é um instrumento de dominação, e que a
liberdade existe porém apenas na forma da liberdade de circulação de
mercadorias e afins, pois o Direito é uma superestrutura
influenciada pelo poder econômico e nas relações de produção
vigentes. Assim, o Direito é um meio de manutenção da ordem. Marx
ainda critica conceitos abstratos desconexos da realidade. A juíza
,então, por tentar justificar sua decisão através de concepções
abstratas (como o direito à propriedade) sem analisar a verdadeira
realidade da situação (pobreza, necessidade dos habitantes, entre
outros), estaria indo contra o que Marx defendia. Ela ainda age como
se o Direito fosse algo neutro com a função de ajudar a todos,
quando na verdade ele seria, segundo Marx, muito mais benéfico à
classe dominante. Dessa forma, podemos afirmar que a juíza adota a
concepção de Hegel e se opõe aos conceitos de Karl Marx.
O caso de Pinheirinhos ainda foi tratado com extrema violência por
parte da polícia. A coerção através da força assegurando o
interesse de um indivíduo (da classe dominante) frente a milhares de
famílias (da classe oprimida) nos mostra que Marx tinha certa razão
em seu pensamento, e que nosso sistema Judiciário precisa aprender a
assegurar direitos (como o da propriedade) sem passar por cima de
outros (como os direitos humanos).
André Luís de Souza Júnior - 1º Ano Direito Noturno UNESP
André Luís de Souza Júnior - 1º Ano Direito Noturno UNESP
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