Emile Durkheim, o autor de “Regras do método sociológico”, é considerado um dos pais da sociologia moderna por ser o responsável por consolidar o lugar da sociologia como ciência, tornando esta uma disciplina acadêmica, e por definir as regras do método sociológico.
Para ele, o objetivo da sociologia era estudar os fatos sociais, estes definidos como “toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais”.
Logo, o que aprendemos socialmente, na convivência com outros seres humanos são fatos sociais. O que nos é ensinado desde o momento que nascemos, nossos costumes, educação, religião, leis, práticas, moral, tudo foi construído e passado para nós pela sociedade. Os fatos não estão no plano biológico, apesar de poder se relacionar com eles, nem no individual (psíquico). Eles são externos, não produzimos sozinhos, os pegamos com a convivência. São gerais, pois estão difundidos na sociedade e, independentes de sua existência, existiam antes e depois de você morrer.
Em relação a coerção que o indivíduo sofre pela sociedade, este pode ressignificar o que foi passado para ele de acordo com suas questões individuais, mas dificilmente irá totalmente contra um preceito, pois, assim, este será passível de coerção. A coerção pode ser de caráter legal (lei proíbe modo de se vestir, de praticar tal ato, etc), ou de caráter espontâneo, no qual as próprias pessoas repreendem outras.
Durkheim dialoga com a filosofia e sociologia positivistas, partilha ideias de Comte e também chama a sociologia de física social. Relaciona-se com esta na medida em que defende que os sociólogos devem estudar os fatos sociais como um cientista estuda a natureza, a sociedade deveria ser analisada como um objeto distante do sociólogo do mesmo modo que a natureza é estudada com objetividade e imparcialidade pelo cientista. Esse fato foi bastante criticado, pois dificilmente alguém não impõe seus preceitos, ideais, valores e o que se aprendeu em sua vivência em algo que estuda.
A questão complicada de se responder, em relação aos fatos sociais de Durkheim, é até onde o que se gosta, o que se acha belo, seus sentimentos e ideais em relação a algo são
realmente seus ou são construídos pelo meio social em que se está presente. É algo para se pensar...
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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domingo, 31 de maio de 2015
Mosaico do mundo
Sou a deformação do mundo personificada
Pulsam, gritam as feridas ainda abertas
Constantes golpes do agressor intangível
Condenado estou às eternas correntes da
Liberdade, preso ao lugar comum da
Individualidade, sou o mosaico
Incompleto da sociedade
Transformado e
Formado
Por ela
Único
E mesmo
Assim igual
Aos que me cercam
A originalidade previsível
Das coisas ainda não vistas, o
Resultado, na verdade, de tudo que
Já se viu e contribuiu para modelar o
Que é e esta por vir, de modo orgânico,
Dinâmico, na continua mudança do eu
Sou a deformação do mundo personificada
Vinicius Lotufo, 1° ano de Direito diurno
Personalidade individual x Personalidade coletiva
"Quando desempenho minha tarefa de irmão, de marido ou de cidadão, quando executo os compromissos que assumi, eu cumpro deveres que estão definidos, fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Ainda que eles estejam de acordo com meus sentimentos próprios e que eu sinta interiormente a realidade deles, esta não deixa de ser objetiva; pois não fui eu que os fiz, mas os recebi pela educação."
–Émile Durkheim
Airbus A320 e uma análise durkheimiana
Data: vinte
e quatro de março de dois mil e quinze. Local: sul da França. Acontecimento: queda
do avião Airbus A320, da companhia alemã Germanwings, que saiu de Barcelona,
Espanha, com destino a Düsseldorf, na
Alemanha. Suspeita: o copiloto, Andreas Lubitz, derrubou o avião
propositalmente. Não houve sobreviventes.
O fenômeno acima parece ser algo
isolado, uma catástrofe causada por um homem ensandecido, um ser louco,
irracional. Mas, se observado sob uma perspectiva durkheimiana, esse
acontecimento constitui um fato social.
Andreas Lubitz sofria de depressão e
tinha tendências suicidas. Segundo sua ex-namorada, Lubitz desejava ser capitão
da Lufthansa e sempre dizia que o mundo conheceria seu nome.
Essa pressão em obter sucesso
profissional, suposta causa dos problemas psicológicos do copiloto, marca um
fato social: o trabalho. Desde o nascimento, o ser humano é coagido a estudar,
para que, no futuro, siga uma carreira promissora. Entretanto, a sede por
sucesso é, muitas vezes, maior do que a capacidade do homem de saciá-la, o que
leva, muitas vezes a frustrações e desapontamentos. E a sociedade não vê o
fracasso com bons olhos, o que pode levar muitas pessoas a loucura e a cometer
atos, que à luz da sanidade, são considerados verdadeiras atrocidades.
Portanto, é preciso perceber que,
assim como afirmava Durkheim, nada ocorre isoladamente. Os fenômenos e os fatos
sociais estão sempre interligados, conectados entre si.
Luiza Macedo Pedroso
Introdução à Sociologia - 1ºano Direito diurno
Émile Durkheim : o pai da Sociologia
Émile Durkheim, importante pensador do século XIX, teve como principal feito criar a sociologia tal como ela é, definindo o método e o objeto de estudo dela. Este ele determinou com o conceito de Fato Social, aquele criando regras para o relacionamento entre objeto e pesquisador.
Essas normas foram ditadas no livro " As Regras do Método Sociológico", onde Durkheim diz que o cientista social deve se desprender de suas noções preconcebidas ,buscando sempre uma neutralidade, mesmo que esta seja de difícil alcance, pois cientista e objeto possuem a mesma natureza.Além da imparcialidade, ele também defende a pesquisa empírica para basear as teorias, ou seja, uma coleta de dados sobre o fato estudado antes de se formar uma hipótese.
Os itens estudados são definidos pelo sociólogo como fatos socias, os quais são ações ou pensamentos exteriores a um indivíduo que foram internalizados por meio de uma coerção, a qual só é sentida quando se tenta contraria-los.Esses fatos estão muito presentes na sociedade, indo desde a moeda e língua usadas até às funções desempenhadas.
Émile Durkheim, portanto, além de regulamentar a relação entre pesquisador e pesquisado ele delimitou o alvo de estudo da sociologia.É por isso que ele é considerado o pai dessa ciência.
Rafael O. de Mirando 1 ano de Direito( diurno)
Verde e vermelho fora da curva.
Um mundo preto e branco.
Pessoas cinzas de roupas brancas.
Um brilho no horizonte.
Um garoto verde de roupas vermelhas.
Um padrão de se portar.
Pessoas cinzas seguindo o padrão.
O garoto verde não.
O verde e o vermelho não.
Um mar cinza.
Um ponto verde afastado do mar.
Solidão.
O verde e vermelho se aproxima do mar.
O verde some.
O vermelho some.
Mais cinza e branco.
O fato social.
Iago de Oliveira Taboada
1° ano de Direito Diurno
Introdução à Sociologia
Sobre a coerção e os fatos sociais: é possível fugir do padrão?
As badaladas do relógio, encontrado
numa grande torre no centro das cidades, regem a vida das pessoas e são, há séculos,
instrumento indireto de coerção da sociedade. Cada badalada do sino define toda
a trajetória do dia: hora de acordar, almoçar e, principalmente, a hora de
trabalhar, sendo definida pela sociedade capitalista, assim, a mentira secular
de trabalhar para viver e a rotina angustiante de viver para trabalhar.
David Émile Durkheim (1858-1917),
considerado por muitos o pai da sociologia, estudava a sociedade a partir do
recurso metodológico de ver como “coisas” os fatos sociais, que são aqueles que
independem do indivíduo e tem como substrato o agir do homem em sociedade de
acordo com as regras sociais. Durkheim acreditava que ideias pré-existentes em
nossas mentes afetam a análise dos fenômenos da sociedade, por isso estes devem
ser tratados como coisas.
Um aspecto de grande importância no
estudo de Durkheim é a análise dos fatores coercitivos que levam as pessoas a
se enquadrarem em determinados moldes da sociedade: devem seguir a moda,
respeitar as leis e agir de determinada forma. É da natureza humana a busca por
fazer parte de um grupo, mas essa coerção social ultrapassa os limites sendo
que cria um imenso deserto criativo de ações e de ideias. Durkheim defende que
a maioria de nossas ideias não são criadas por nós, mas são abstraídas do
exterior, da sociedade e dos padrões já definidos.
Durkheim defende que “a escola é
o aparelho ideológico do Estado”. Pode-se compreender esta afirmação analisando
o funcionamento das escolas atualmente: são impostas às crianças maneiras de
ver, de agir e pensar que não são naturais, sendo, assim, muitos talentos e
grandes ideias oprimidas. As instituições são manipuladas para manter o status
quo e perpetuar o poder de quem governa.
Um exemplo mais visível de coerção
da sociedade pelo Estado é seu monopólio da violência com o uso de força
policial. Atualmente, pode-se notar dois aspectos das ideias de Durkheim analisando
a manifestação de professores neste ano no Paraná, os quais foram agredidos por
força policial com balas de borracha e bombas: a força policial representa a
força de coerção que rege os comportamentos da sociedade, mas a manifestação em
si representa um fato social e um problema que existe há muito tempo no Brasil.
A reivindicação por melhores salários e condições de trabalho refletem a
realidade vergonhosa da educação brasileira, a qual desvaloriza seus
professores e usa métodos de ensino que não visam um desenvolvimento da mente e
das ideias de seus alunos.
Não há criação, tudo está pré-estabelecido
pela sociedade e quem foge de seus padrões pode ser considerado louco. O potencial
racional é condicionado pela coerção, a mesma que impõe a verdade absoluta que
não pode ser refutada. Durkheim falava, em sua época, na coerção social, mas
provavelmente não imaginava que atingiria patamares tão altos sem nem ser
notada pelas pessoas. É possível fugir dos padrões?
Alexandre Bastos
1º ano - Direito Diurno
Introdução à Sociologia - Aula 5
Fato Social Normal e Patológico
Estamos constantemente cercados por fatores coercitivos e a maioria deles estão tão perfeita e profundamente impregnados em nossas vidas que acabamos agindo de acordo com suas normas sem ao menos raciocinar o motivo. Durkheim, em seu livro "As Regras do Método Sociológico", nos conceitua o que é um fato social, que, para ele, são maneiras de pensar e agir que pensamos elaborar por nós mesmos, porém são exteriores a nós. Por esse motivo, o fato social é por excelência, um dos maiores fatores coercitivos que regulamentam nossa vida social.
Durkheim vai ainda mais além dessa conceituação, ele nos afirma que existem duas formas de fato social, o normal e o patológico. Para ele, a diferença entre eles é dada de acordo com que determinado fato se apresenta em sociedades consideradas no mesmo estado de evolução (teoria definida por Comte). Continuando seu raciocínio, Durkheim afirma que se um fato é comum em várias sociedades no mesmo estado, ele é normal, mas, se esse fato é algo que vai além e desestabiliza a ordem social, pode-se afirmar que ele é patológico.
Como exemplo de fatos sociais considerados normais em sociedades como a nossa, de acordo com a teoria durkheiminiana podemos citar as festas, comemorações sociais, ir à escola, se relacionar com os amigos e , infelizmente, alguns fatos negativos, como a corrupção e a ocorrência de alguns assassinatos e estupros, por exemplo. Isso nos mostra uma ideia de não valoração, pois Durkheim não criou esse sistema de classificação baseado em efeitos positivos ou negativos que eles causam na sociedade, o que explica o motivo de se considerar "normal" a ocorrência de alguns estupros e assassinatos em nossa sociedade. Devido a essa conceituação podemos considerar o fato social de Durkheim algo bastante polêmico e algumas vezes considerado como modelo ultrapassado.
Ao analisarmos os fatos considerados patológicos, devemos levar em consideração dois critérios: o da exclusividade e o da incidência. Por exemplo, se um crime se tornar muito comum em uma sociedade e desestabilizar sua ordem, como o número de assassinatos causados por policiais no Brasil, que vai além dos números que ocorrem países com a mesma forma de governo, costumes e economia. Mas uma questão interessante é: seria o terrorismo e o Estado Islâmico (EI) fatos sociais normais ou patológicos?
O terrorismo é uma prática que ficou relacionada ao movimento islâmico e sua sociedade. Todavia, essa prática ,que já causou milhões de vítimas, não foi utilizada apenas pelos muçulmanos. Se analisarmos o terrorismo do EI hoje, veremos que ele é patológico, pois desafia a ordem da própria sociedade que possui os membros que o pratica e como justificativa dessa afirmação, podemos citar as milícias cristãs, como a criada pelo Movimento Democrático Assírio, para combater os jihadistas. Portanto, ao analisarmos o terrorismo do EI com a teoria dukheiminiana, percebemos que ele é algo patológico, por partes da sociedade se levantarem contra ele, desestabilizando a ordem, mas se fizéssemos essa análise de acordo com o senso comum, muito provavelmente chegaríamos a conclusão que é normal essa prática na sociedade em que se está inserida por relacionarmos atos terroristas com essa sociedade.
Alexandre Roberto do Nascimento Júnior
1º Direito - diurno
Introdução à Sociologia - Aula 5
Apenas um reflexo
Nós,
pessoas, acreditamos ser portadoras de certa individualidade. A
maneira como pensamos, as comidas das quais gostamos, as roupas com
as quais nos vestimos ou as músicas que ouvimos parecem ser
características que, juntas, formam a nossa personalidade. Somos
únicos. Somos individuais. Mas, será que somos mesmo?
Para
Durkheim, não. Em sua obra, As Regras do Método Sociológico, expõe
sua visão acerca do que chamamos de personalidade. Para ele, ela até
existe, porém, manifesta-se somente na identificação de cada
indivíduo com um grupo social. Ou seja, a personalidade determina
por qual grupo social esse indivíduo passará a ser coagido.
Essa
ideia de falta de individualidade vem do conceito de “fato social”,
que, para Durkheim, é “toda maneira de fazer, fixada ou não,
suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior”.
Ou seja, “fato social” é algo externo ao indivíduo, que o força
a ter certas atitudes que são aceitas por seu grupo social, e do
qual ele não pode se livrar. Esse conceito também pode ser
entendido como uma dinâmica que molda os indivíduos e fazem-nos de
referência a um grupo.
Tomemos
como exemplo os homens que, na cultura islâmica, sacrificam sua vida
para matar “infiéis” em nome de seu Deus. Esses homens, fazendo
isso, buscam encontrar em seu grupo uma aprovação. E o grupo, por
sua vez, espera de seus membros comportamentos como esse. Outro
exemplo que pode ser discutido: o congresso brasileiro atualmente
está composto por uma maioria conservadora, e, como essa maioria é
regida pelo pensamento geral de seu grupo, é de se esperar que as
decisões do congresso tenham base conservadora.
Diante
do exposto, paira uma dúvida, seria possível uma rebelião contra o
“fato social”, isto é, uma emancipação do indivíduo em
relação àquele? Para Durkheim, isso até pode ser possível,
todavia, para conseguir tal feito, seria preciso travar uma luta
contra as noções implantadas nos indivíduos ao longo de anos. Eis
um exemplo para ilustrar como seria difícil uma luta contra o “fato
social”: se eu, após entrar em um restaurante e servir-me
de comida,
resolver, por qualquer motivo que seja, sentar no chão em vez de
comer sobre a mesa, todos no recinto lançarão a mim olhares de
julgamento, e, pode até acontecer, de algum funcionário do
estabelecimento forçar-me a comer sobre
uma mesa, sob pena de expulsão.
Portanto,
para Durkheim, existe uma certa individualidade, todavia, ela é
insignificante perto da coerção que o “fato social” exerce
sobre os indivíduos. Não somos únicos. Não somos individuais.
Somos reflexo do grupo social no qual estamos inseridos.
Beatriz Mellin Campos Azevedo
Direito diurno
Durkheim e a Ciência da Sociologia
O grande pensador Émile Durkheim nos deixou como legado, entre muitas outras importantes contribuições, o questionamento do método sociológico comum em sua época. Isso porque ele percebeu que a sociologia dava seus primeiros passos, mas ainda estava muito ligada a ideologias. Ele compreendia que para ela se tornar uma ciência, os sociólogos precisavam se desprender de preconceitos, noções preestabelecidas e, utilizando um método racional analisar seu objeto de estudo, formulando teorias a partir das evidências.
Nesse aspecto ele se aproxima das ideias apresentadas por Francis Bacon, no Positivismo, que exaltava o uso da razão para se fazer ciência. No entanto ele reconhece que esta tarefa é árdua, pois o estudioso e o objeto possuem a mesma natureza, sendo possível,ou mesmo provável, que a análise sofra influências que impossibilitem um diagnóstico preciso.
Afim de que o estudo obtenha o melhor resultado possível, ele escreve As Regras do Método Sociológico, explicando com detalhes o que ele entende ser um método racional e válido para o estabelecimento de uma ciência sociológica.
É importante destacar que ele fornece uma definição do objeto de estudo: o fato social, algo que seus antecessores e contemporâneos ignoravam, e que ele não mede palavras para criticá-los.
Desta maneira Durkheim contribuiu para o estabelecimento da ciência da Sociologia e nos ajuda a refletir sobre os acontecimentos ao nosso redor.
Desta maneira Durkheim contribuiu para o estabelecimento da ciência da Sociologia e nos ajuda a refletir sobre os acontecimentos ao nosso redor.
Jansen R. Fernandes
Direito Diurno - 1ºano
Introdução à Sociologia - Aula 5
Direito Diurno - 1ºano
Introdução à Sociologia - Aula 5
Ideias? Só a partir das coisas
Émile
Durkheim, busca explicar na obra “As Regras do Método Sociológico”, entre
outras ideias, seu conceito de “fato social” e as regras para a observação
desses fatos, caracterizadas por um empirismo acentuado e um distanciamento
entre o observador e o objeto de análise científica.
Fato Social
é tudo aquilo que, independentemente da vontade do indivíduo, é imputado a ele e
incorporado por ele, influenciando sua maneira de agir e de conduzir, através
de uma coerção externa, que age antes mesmo dele nascer. A partir desse
pensamento, o indivíduo está imerso na sociedade e minimamente influencia o
todo do fato social. Não há singularidade no seu agir social, sendo esse agir
um caleidoscópio de referências do coletivo.
Observáveis
são tais fatos sociais nos padrões da moda, na maneira de se falar, nas
preferências musicais, no pensamento do senso comum e nos hábitos mais banais
do cotidiano humano, que imperceptivelmente coagem as pessoas a agirem de determinada
forma.
Após
explicar o que é o fato social, Durkheim constrói certas regras para o método
de estudo desses fatos. Segundo ele, a primeira e a mais fundamental dessas
regras é tratar os fatos sociais como coisas. Não em um sentido de “coisificar”
o indivíduo na análise, mas sim de distanciar o observador e o objeto que,
exclusivamente no estudo sociológico, são os mesmos. É necessário, portanto,
cortar os vínculos entre o sujeito e o objeto, visando evitar qualquer
influência na busca pela verdade científica.
Assim, o
método correto de análise dos fatos sociais seria partir da observação,
descrição e comparação das coisas para, então, chegar às ideias, às conclusões.
Dessa forma, seria proporcionado o distanciamento entre o observador e o
objeto, e o corte de vínculos com ideias pré-concebidas, possibilitando uma busca pela verdade científica.
Lucas Camilo Lelis
1º ano - Direito Diurno
Introdução à Sociologia - Aula 5
“Fatos sociais consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõe a ele. […] Somos então vítimas de uma ilusão que nos faz crer que elaboramos, nós mesmos, o que se impôs à nós de fora.”
Gabriella Di Piero
1º ano de Direito - diurno
Não há humanização sem a sociedade
O ser humano , por ser um ser essencialmente social , não existe sem sociedade , segundo Émile Durkheim. O fato social (objeto de estudo proposto pelo sociólogo francês) é um realidade independente , exterior e preexistente ao próprio indivíduo, sendo assim todo humano que nasce estará sujeito a coerção exercida pela sociedade.Ao nascerem , não escolhem seu idioma ou o seu comportamento e costumes , visto que isso já está previamente definido a sua existência. Aqueles homens que não nasceram e cresceram no meio social não estão sujeitos ao fato social , restando a eles apenas saciarem suas necessidades elementares.
Por não terem passado pelo convívio social , eles não deixam de serem humanos , porém se tornam homens não humanizados. Um exemplo claro disso é a das meninas lobo, duas irmãs selvagens( Amala e Kamala) que foram encontradas em 1920 na Índia. Criadas e alimentadas por lobos , ambas cresceram sem o contato com qualquer outro humano até o momento em que foram encontradas com idades relativamente baixas (cerca de 1 ano e meio e a outra com 8) . A tentativa de inseri- las na sociedade foi totalmente falha , visto que sem a ação da sociedade no processo de formação do indivíduo , não há humanização .
Ambas tinham extrema dificuldade de comunicação , não demonstravam emoções e andavam como se fossem quadrúpedes.Se houvesse a ação do fato social desde seu nascimento é bem provável que as irmãs teriam se tornado humanas humanizadas.
Eric Kaoro Okino
Direito noturno
Por não terem passado pelo convívio social , eles não deixam de serem humanos , porém se tornam homens não humanizados. Um exemplo claro disso é a das meninas lobo, duas irmãs selvagens( Amala e Kamala) que foram encontradas em 1920 na Índia. Criadas e alimentadas por lobos , ambas cresceram sem o contato com qualquer outro humano até o momento em que foram encontradas com idades relativamente baixas (cerca de 1 ano e meio e a outra com 8) . A tentativa de inseri- las na sociedade foi totalmente falha , visto que sem a ação da sociedade no processo de formação do indivíduo , não há humanização .
Ambas tinham extrema dificuldade de comunicação , não demonstravam emoções e andavam como se fossem quadrúpedes.Se houvesse a ação do fato social desde seu nascimento é bem provável que as irmãs teriam se tornado humanas humanizadas.
Eric Kaoro Okino
Direito noturno
A miséria dos professores públicos do Paraná
O fato social de Durkheim, ao mesmo tempo que se associa, se afasta do postivismo de Comte. Para os positivistas, a sociedade deve ser entendida como uma simples soma de ações de individuos exercendo as próprias decisões, compondo assim o "tecido" da sociedade. Para a análise sociológica de Durkheim no entanto, essas ações individuais são vistas simplesmente como resultado da coerção feita pelo próprio conjunto de costumes e regras do grupo social no qual o indivíduo se insere.
A recente greve de professores no Paraná, quando entendida como fato social, nos revela toda a complexidade de relações que compõem a sociedade, uma vez que a utilização de violência por parte de policiais militares contra os protestantes não se legitima de maneira alguma.
Lucas Gabriel martins/UOL
O fato social no caso é que os professores brasileiros recebem baixíssimos salários, o quê leva a uma progressiva decadência da carreira, pois são pouquíssimos os jovens recém formados que querem ter uma carreira na docência pública.
Uma vez que Durkheim revela que o fato social em si deve ser tratado como uma "coisa", um objeto a ser estudado, há nessa afirmação a aproximação com o positivismo de Comte, levando à afirmação de um determinismo sociológico de Durkheim: as manifestações do fato social são advindas do lugar e do tempo no qual esse fato social está restrito. Ora, o quê é essa greve, se não a manifestação coletiva de um grupo social para pressionar (através da coerção) o Estado na mobilização de interesses não-individuais?
Logo, o argumento do aumento salarial como mera ganância dos professores não pode ser aplicado, já que a personalidade dos mesmos é de curto alcance, e a coletividade desse grupo social é superior a qualquer interesse próprio.
Túlio Tito Borges - Primeiro Ano Diurno
Somos todos iguais
No período de construção da Sociologia, Émile Durkheim surge
para estabelecer regras para a ciência, a fim de proporcionar a ela o status
que outras áreas do conhecimento já possuíam. Para isso, preocupou-se em
desenvolver um método e um objeto de estudo, como evidenciado em sua obra mais
famosa “As regras do método sociológico”, de 1895.
Durkheim propõe, como objeto de estudo da sociologia, os “fatos
sociais”. Estes consistem em aquilo que é relevante, que expressa a influência
que o coletivo exerce sobre o indivíduo.
É possível reconhece-lo pela sua maneira de coerção, sua exterioridade
(anterior ao indivíduo em si) e generalidade (se aplica a todos, em geral).
Para entendermos a tamanha importância dada aos fatos
sociais, podemos pensar nos nossos comportamentos diários. Porque não vimos
pessoas com roupas simples, casuais em eventos considerados mais finos? Porque
não comemos sem o uso de talheres? Porque obedecemos às leis sem questioná-las?
São inúmeros exemplos. Em todas nossas ações, praticamente, vivenciamos fatos
sociais.
Apesar de não existir
uma norma que impeça de realizar tais atitudes, nossa consciência nos impõe
essa “proibição”, é algo errado. Estamos todos fadados a seguir o mesmo padrão,
já pré-estabelecido pela nossa sociedade extremamente preconceituosa e
conservadora. É proibido expressar a
individualidade, uma personalidade “diferente”, quem se opor a isso estará fadado
ao isolamento social.
Fernando Augusto Risso
Direito - diurno
Durkheim e Condoreirismo
O Condoreirismo marca a terceira geração romântica brasileira, recebe este nome pois seus autores inspiravam-se no Condor - ave que voa alto e tem ampla visão - assim eles conseguiam enxergar os problemas sociais com clareza e adotarem um posicionamento.
Este modo de pensar dialoga profundamente com a teoria de Durkheim de distanciamento do fato social, definido por ele como tudo aquilo que independe do indivíduo e tem como substrato seu agir em sociedade. Segundo o autor, este afastamento é necessário para que se possa analisar os fatos sociais como objetos, fatos concretos que caracterizam uma determinada sociedade e depois formular-se ideias a respeito.
Durkheim procura fazer pesquisas realistas e conclui que a sociologia deve ser encarada como ciência de explicação da sociedade, por isso deve sempre buscar o máximo de neutralidade possível, pois pré-noções são obstáculos no caminho para a verdade. Neste ponto ele critica Comte, segundo aquele, este distancia-se da verdade sociológica ao valorizar as ideias ao invés dos fatos.
Neste sentido os poetas condoreiros, como Castro Alves muito se relacionam com a teoria de Durkheim, pois após a observação de sua época percebem os problemas intrínsecos a sociedade em que viviam, tomando assim posições abolicionistas e republicanas. Os condoreiros são bons exemplos de como a analise distante de um fato social conduz a melhor interpretação de mundo.
Ana Flávia Rocha Ribeiro
1º ano Direito diurno
Coerção Social, Fato Social
Durkheim
define o fato social como “toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; que é geral na extensão de uma
sociedade dada, apresentando uma exigência própria, independente das
manifestações individuais que possa ter”. É aquilo que já está cristalizado,
regras coercitivas impostas pela sociedade; caracterizadas pela impossibilidade
de se fugir delas. E sua coerção se torna mais evidente quando tentamos
resistir às regras sociais.
Fomos
jogados num mundo já pronto. Não há nada de novo que possa ser criado aqui. O que
viemos fazer por aqui então? Tudo já está bem posto, organizado e fixado, ao
meu ver. Minhas ações, minha personalidade, minhas tentativas falhas de quebrar
com os padrões que encontro por aí. Não tenho essa escolha de individualidade:
a única escolha que posso fazer é decidir a qual grupo quero pertencer, qual
conjunto de estruturas quero seguir.
Ai
de mim se ousar fugir dessa estrutura; aí então sentirei o peso da coerção da
sociedade sobre mim. Logo ela, que tão discretamente sempre “me guiou” nesse
mar de possibilidades de estruturas pessoais. São tantas variações, tantos
caminhos, que nunca percebi essa estrutura restrita. E ela é tão boa em sua
argumentação que conforta a todos.
Júlia Veiga Camacho
1º ano Direito Diurno
Teoria Durkheimiana aplicada na polícia
Émile Durkheim foi um sociólogo que em
sua obra “As regras do método sociológico” abordava o estudo do fato social. Sua
primeira regra consistia em considerar os fatos sociais como coisas, como um
recurso metodológico. Além disso, defendia que deveríamos compreender os fatos
sociais em razão da coerção que exercem sobre os indivíduos.
Ele atribuía extrema importância à
pesquisa de campo, observando e conhecendo o fato social, para depois construir
as ideias. Sua maior utopia era acreditar que a boa ciência é aquela que
consegue atingir o maior grau de neutralidade, ou seja, defendia que o papel da
sociologia era explicar, e não julgar ou valorar os fatos.
Sendo assim, Durkeim define fato social
como sendo tudo aquilo que independe do indivíduo e tem como substrato o agir
do homem em sociedade, de acordo com regras sociais, ou seja, que possua coação
externa, a coação do conjunto sobre o indivíduo. Todo fato social tem uma
função que o liga a outro fato social, ele está sempre vinculado a relações
sociais mais amplas, há uma conexão entre os fenômenos. Além disso, é
importante destacar que as regras impostas pela sociedade são coercitivas,
impostas tanto pelo direito, quanto pela impossibilidade de ser fugir a elas.
O sociólogo também foca suas pesquisas
no estudo da anomia, que é causada pela disfuncionalidade e é caracterizada por
comprometer o equilíbrio da sociedade.
Para compreender melhor o que é fato
social e anomia para Durkheim, podemos trazer sua teoria para a atualidade, ao
analisarmos os policiais. Muitos policiais moram em favelas e em seu trabalho
precisam realizar operações em sua comunidade para buscar drogas, tráfico de
armas ou outras ilegalidades. Por conta disso, muitas vezes ficam “marcados”
pelos outros moradores e se sentem amedrontados, e assim coagidos a não andarem
fardados ou a protegerem suas famílias e suas casas. Na visão Durhheimiana,
essa situação seria um fato social, já que há uma coerção externa, do meio, da
coletividade sobre o indivíduo. O medo é causado por essa imposição dos outros
moradores sobre ele.
Ainda sobre os policiais, podemos falar
sobre a corrupção dentro da polícia: quando policiais abusam do poder, quando
cometem infrações e se safam por serem “autoridades”, quando apreendem drogas e
não realizam os procedimentos legais, e ao invés disso vendem ou consomem as
drogas, entre outras irregularidades. Podemos compreender a corrupção policial
como uma forma de anomia, já que compromete o equilíbrio de toda a sociedade, e
essas ocorrências são muito freqüentes, não são apenas casos individuais sem importância
e influencia significativa no meio social.
Amanda Barbieri
Estancioni
1º ano - Direito matutino
Introdução à sociologia - Aula 05
Canto do Fato
Tudo no mundo faz fato
Da sociedade provindo
E vem ao humano moldando
E cria a moral, por certo
E não há algo individual?
No ser não há diferença?
Personalidade é ofensa?
Em fundo, tudo é igual?
O ambiente é o certo fato
A sociedade o cria
O ser incerto se guia
Pelo fato imposto!
Octavio Coloza Berganholo
1º ano Direito Diurno
Introdução à Sociologia
Um homem chamado Alfredo
Alfredo era aquele tipo sossegado, trinta e tantos anos, não habituado a pensar no que fazia. Dono de vida humilde, sem regalia ou coisa do tipo, sério e robusto, o papo que corria sobre ele é que era gente de fazer e acontecer - caractere esse levado a maiores instâncias nas frequentes situações de embriaguez que o envolviam. Chutado de casa pela mulher ("eu não vou trabalhar pra sustentar desempregado vagabundo!") e sem poder recorrer à falecida mãe ("Deus a tenha!"), tomou o rapaz o fiat para si e meteu-se num quarto de pensão, pretendendo se manter com o bico de eletricista. Era só ele mesmo, tinha erro não.
Porém (e sempre tem um porém!), pau que nasce torto, sabem como é. Passava longe da cabeça do Alfredo qualquer ideia de pegar sério no batente. Trabalhava dois dias na semana e olhe lá, se mantendo o maior tempo possível com o ordenado magro que esses escassos dias de lavor lhe proporcionavam. Dia vai, dia vem e a fome bateu com força. O Alfredo, fraco da cabeça, foi atrás de negócio torto; era torto mas era fácil, então valia a pena.
Foi acolhido no ramo de roubo de caminhão de carga pelo famigerado bando do Horta - mão armada, boa grana, resumindo: coisa fina. Seria ele e mais quatro. Era só aguentar as pontas em beirada de estrada, longe das vistas policiais, abordar os trambolhos e, talvez quem sabe, apagar o motorista que ousasse ser muito valente.Corria tudo melhor que o esperado, tanto que pro Alfredo sobrava inclusive uns mil-réis pra gastar com o mulherio, naquelas noites em que a voluptuosa solidão insistia em bater nas portas de sua consciência. Dessa forma, passou ele a frequentar o estabelecimento indicado pelo Horta e pelos outros três capangas do bando de assalto a caminhão, com a advertência de que não era nem pra criar ideia de querer se engraçar com a Maria das Dores, uma das residentes da casa ("essa é do Horta, e quando o assunto é mulher o bicho é ruim da cabeça!").
Não preciso nem detalhar o que aconteceu. Alfredo, fraco de miolo, bateu as vistas na das Dores e já pensou até em casamento. A das Dores, por sua vez, carente e arrojada, mirou o Alfredo e não tardou em abrir um sorriso de pura significação. O Horta se tocou da malandragem que acontecia ali debaixo do seu nariz e ficou cabreiro. Esperou a hora de dar o bote. E ela veio dali um mês, quando o Horta deu de aparecer em casa de das Dores em hora não usual, dando, assim, de cara com o ninho de amor de Maria e Alfredo. Não pensou duas vezes: em silêncio, meteu as mãos no bolso - se não foi por aviso prévio, o respeito ensejado devia então de ser construído pelo derrame de glóbulos brancos e vermelhos.
Assim, a tese de Durkheim sobre a imperatividade do fato social foi novamente reiterada, concretamente trazida à luz sob a forma de três balaços disparados contra a cabeça de um infeliz e de sua amada.
A anomia social de Émile Durkheim
Émile Durkheim tem interesse em uma ciência cujo método seja tão rigoroso quanto das ciência já conhecidas; uma ciência que explique a sociedade e que não se interesse em mudar o mundo. A ciência preconizada por Durkheim se baseia no positivismo, no entanto, indo muito além dele, fazendo com que as ciências baseadas na sociologia se desenvolvam, como a antropologia, devido ao rigor de seu método.
Para isso, o filósofo estabelece que toda ação individual no positivismo deve ser analisada através de um parâmetro que entenda o coletivo, tomando uma perspectiva ainda mais radical: a influência individual é mínima, estando ele imerso na sociedade. Bacon inspirou Durkheim na elaboração de seu método quando disse que existem "ídolos da mente" humana que exercem influência na nossa forma de ver o mundo, que nos remetem muito mais as paixões do a forma real do mundo, gerando pré-noções, preconceitos.
Tentando evitar este problema, Durkheim propõe que devemos aprender o fato social como "coisa", sendo este um recurso metodológico, não uma desumanização, para estabelecer uma relação de distanciamento com o objeto de estudo, devido ao fato de o objeto observado ser da mesma natureza do observador: o ser humano. Cortar os vínculos entre o cientista e seu objeto de estudo era uma forma de tentar dirimir as críticas que a sociedade científica faz para a sociologia.
Durkheim era taxado de conservador por seus críticos, ao afirmar que o passionalismo era, por muitas vezes, negativo. Por exemplo, no caso da ética jurídica, é necessário manter um distanciamento emocional dos casos a serem julgados para julgá-los de maneira coerente e correta, aplicando o método jurídico.
O filósofo faz uma crítica a filosofia metafísica e a análise ideológica, estabelecendo que é preciso observar as coisas e, a partir daí, construir as ideias. O conhecimento deve ser sólido, pois não adianta construir grandes ideias se elas estão desconectadas da realidade. Distanciar-se do fato social e entendê-lo como "coisa" é positivo, pois, devido a isso, não há um exercício de julgamento, o cientista se desprende de sua crítica racional, de seus preceitos religiosos, de sua cultura para que seja possível entender uma nova cultural. A busca utópica da ciência de Durkheim é alcançar a neutralidade.
O fato social é definido como todo aquele que independe do indivíduo e tem como substrato o agir do homem em sociedade, de acordo com as regras sociais. Ele é externo, pois ao nascermos ele já existe; geral, pois independe dos indivíduos para existir; e coercitivo, pois tem o "poder" de exercer influência no modo de agir dos indivíduos em sociedade.
A perda do referencial de regras leva à anomia. Um indivíduo com uma característica anômica não causa prejuízo à organização da sociedade, no entanto, vários indivíduos com características anômicas causam um desequilíbrio na organização social.
Thais Amaral Fernandes
1 ano Direito Diurno.
Para isso, o filósofo estabelece que toda ação individual no positivismo deve ser analisada através de um parâmetro que entenda o coletivo, tomando uma perspectiva ainda mais radical: a influência individual é mínima, estando ele imerso na sociedade. Bacon inspirou Durkheim na elaboração de seu método quando disse que existem "ídolos da mente" humana que exercem influência na nossa forma de ver o mundo, que nos remetem muito mais as paixões do a forma real do mundo, gerando pré-noções, preconceitos.
Tentando evitar este problema, Durkheim propõe que devemos aprender o fato social como "coisa", sendo este um recurso metodológico, não uma desumanização, para estabelecer uma relação de distanciamento com o objeto de estudo, devido ao fato de o objeto observado ser da mesma natureza do observador: o ser humano. Cortar os vínculos entre o cientista e seu objeto de estudo era uma forma de tentar dirimir as críticas que a sociedade científica faz para a sociologia.
Durkheim era taxado de conservador por seus críticos, ao afirmar que o passionalismo era, por muitas vezes, negativo. Por exemplo, no caso da ética jurídica, é necessário manter um distanciamento emocional dos casos a serem julgados para julgá-los de maneira coerente e correta, aplicando o método jurídico.
O filósofo faz uma crítica a filosofia metafísica e a análise ideológica, estabelecendo que é preciso observar as coisas e, a partir daí, construir as ideias. O conhecimento deve ser sólido, pois não adianta construir grandes ideias se elas estão desconectadas da realidade. Distanciar-se do fato social e entendê-lo como "coisa" é positivo, pois, devido a isso, não há um exercício de julgamento, o cientista se desprende de sua crítica racional, de seus preceitos religiosos, de sua cultura para que seja possível entender uma nova cultural. A busca utópica da ciência de Durkheim é alcançar a neutralidade.
O fato social é definido como todo aquele que independe do indivíduo e tem como substrato o agir do homem em sociedade, de acordo com as regras sociais. Ele é externo, pois ao nascermos ele já existe; geral, pois independe dos indivíduos para existir; e coercitivo, pois tem o "poder" de exercer influência no modo de agir dos indivíduos em sociedade.
A perda do referencial de regras leva à anomia. Um indivíduo com uma característica anômica não causa prejuízo à organização da sociedade, no entanto, vários indivíduos com características anômicas causam um desequilíbrio na organização social.
Thais Amaral Fernandes
1 ano Direito Diurno.
sábado, 30 de maio de 2015
A Liquidez Moderna gerada pela homogeneização do Fato Social Durkheimiano
O Fato social para Emile Durkheim seria toda a
injunção cristalizada na sociedade e que se liga um grupo, ou seja, um modo de
agir social capaz de coagir um indivíduo. Infere-se que, devido ao peso que o
fato social exerce, a individualidade humana é perdida, a personalidade passa a
ter um curto alcance que se limita à escolha do grupo que influenciará a vida da
pessoa que a detém.
Contudo,nota-se
na sociedade atual que há certa homogeneização da cultura. Frequentemente observamos
que as pessoas estão perdendo sua essência, deixando de criar e participar de nichos,
tornando-se ecléticas quanto à música, ao cinema, enfim às artes em geral. Há ,pois,um
fenômeno social ocorrendo na atualidade por meio do qual os homens vêm ficando
a disposição para consumir tudo, deixando de selecionar o tipo de cultura que
desejam de fato obter o que encaminha a
sociedade para uma cultura geral,sem diferenças o que,por sua vez,acaba por limitar
ainda mais a personalidade humana.
Os grupos
sociais antes fortes, como os punks, por exemplo, se encontram fragilizados
hoje em dia e isso se deve, em grande parte, a indústria cultural, que busca generalizar
os desejos das pessoas do mundo todo a fim de que possam produzir em grandes
quantidades já que inúmeras pessoas ficarão interessadas em um mesmo produto.
Deste modo a tal indústria faz com que os inúmeros fatos sociais, que antes se
ligavam aos diversos e divergentes grupos sociais, se uniformizem e que, consequentemente,
a cultura se torne una. Isso é bem exemplificado pela indústria cinematográfica,uma
vez que observa-se que os filmes hollywoodianos se espalham por todo o globo e
são assistidos pelas mais diversas pessoas nos mais variados lugares do
mundo,não sendo pois característicos de uma determinada cultura,mas sim
generalizados e portanto superficiais.
Tomando por
base esses pressupostos pode se entender a afirmação de Zygmunt Bauman, em sua obra
A Cultura No Mundo Liquido Moderno, “Sinto-me
em casa em qualquer lugar,embora não haja um lugar que eu possa chamar de lar
(talvez exatamente por isso).”. O que Bauman quer nos dizer nessa passagem é
que os fatos sociais que conduzem os indivíduos foram generalizados,se
reduziram a um único e homogêneo,que conduz as pessoas ao mesmo lugar,ao mesmo
grupo e a conseqüência disso é a robotização do ser humano. Esses passam a ser
meros consumidores, perdem sua essência humana,seu fio de personalidade que
restava e isso reflete diretamente em suas relações. Como tudo é uniforme, o
pensamento também se torna uniforme e as pessoas passam a ter um temor por
aquele que se mostra fora desse mar de igualdade cultural e intelectual. Talvez
seja por causa disso que os relacionamentos sejam hoje tão superficiais, posto
que não se encontram diferenças naquele com quem se relaciona e isso acaba por
gerar o desinteresse. E,caso se encontre alguma divergência no outro o medo do
diferente toma conta do ser acostumado à uniformidade e esse prefere fugir a se
relacionar profundamente e aprender com essas singularidades.
Entende-se
então que essa homogeneização dos fatos sociais, a qual fez um amálgama destes
e os transformou em um só fato, conduziu os indivíduos a adotarem um
comportamento generalizado que gerou certa liquidez na cultura, nos relacionamentos
e até na forma de pensar dos mesmos. Todavia, é importante lembrar que ainda
persistem alguns grupos diferentes na sociedade e é preciso que estes sejam
mantidos e que essa uniformidade seja revertida, que os fatos sociais se
pluralizem novamente e conduzam os indivíduos a variadas formas de agir, a fim
de que se possa restaurar a mínima individualidade que os seres possuem para
que esses voltem a ter sua essência humana e não mais a essência robótica que a
indústria cultural almeja para favorecer seus lucros. A diversidade de culturas
é benéfica ao seres humanos,pois faz com que estes sejam dotados de certa
personalidade e com que possam aprender nas diferenças ,criando conhecimento a
partir da observação destas. A uniformidade degenera o homem e o torna máquina,
e isso destrói o social e o cientifico, pois limita-os ao igual e já
conhecido,ao lugar comum.
Bruna Krieck Farche, 1º ano,Direito Diurno.
Aborto como fato social na legislação brasileira
Com os ideais de liberté, égalité,
fraternité ou la mort da Revolução Francesa do século anterior ainda
marcantemente presentes na vida urbana europeia, o século XIX é, claramente, um
período de alta movimentação política e intensas mudanças sociais. O surgimento
e consolidação do capitalismo industrial por si só já acarretava grandes
alterações no modo de vida da época, com a mecanização da natureza e o
antagonismo de classes. Todas essas transformações evidenciavam a necessidade
de um novo método capaz de compreender a
sociedade em sua totalidade dinâmica.
Em 1830, Auguste Comte propõe seu método em Curso de Filosofia Positiva, onde defende o conhecimento positivo
como cerne dessa nova forma de entender a sociedade. A partir do positivismo comtiano
e buscando também superá-lo em seus
limites, Émile Durkheim estrutura sua visão social em Regras do Método Sociológico, publicado em 1895.
Em sua obra, Durkheim defende que, ao nascer, todos os seres humanos
encontram um mundo posto, onde as
regras sociais e os padrões de comportamento já estão preestabelecidos. E essas
regras e padrões possuem poder coercitivo sobre os indivíduos, moldando suas
condutas de acordo com seus respectivos grupos sociais. Dessa forma, Durkheim
conceitua o tema chave de sua sociologia: o
fato social.
“É fato social toda a
maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior: ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada,
apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais
que possa ter.”.
(DURKHEIM, 2002 p. 11)
Outra regra fundamental no estudo do fato social diz respeito à relação
de impessoalidade. É imprescindível que se corte os vínculos entre o cientista
e objeto, ou seja, que se considere os
fatos sociais como coisas. Assim, o cientista investiga os fatos sociais
livre de pré-conceitos e valores pessoais.
A descriminalização do aborto, por exemplo, é, há muito tempo, uma
questão polêmica no Brasil. Isso porque, ao contrário do proposto no método
durkheimiano, leva-se muito mais em consideração aspectos religiosos do que
científicos. E o aborto é, sem dúvidas, um fato social. A criminalização não inibe sua realização. Segundo dados
estimados de especialistas, mais de um milhão de abortos clandestinos ocorrem
anualmente no país e cerca de 25% resultam em internamento médico da mulher por
complicações.
A descriminalização do aborto não deve ser julgada por vias pessoais,
porque não depende de opiniões. Como fato social, o ato de abortar deve ser
tratado de forma médica e científica, sendo também entendido como uma questão
de saúde pública e de liberdade da mulher sobre o próprio corpo.
Dessa forma, percebe-se certa contemporaneidade no pensamento de Durkheim.
Se seus ideais tivessem influenciado à Lei brasileira, não teríamos hoje uma
lei falha e carente de revisões, como é a lei que criminaliza o aborto. Teríamos,
ao contrário, leis que estariam devidamente de acordo com a realidade social do
país, não mais servindo apenas para agradar bancadas religiosas e conservadores.
Lívia Armentano Sargi
Direito diurno
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