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sábado, 30 de maio de 2015

A Liquidez Moderna gerada pela homogeneização do Fato Social Durkheimiano



     O Fato social para Emile Durkheim seria toda a injunção cristalizada na sociedade e que se liga um grupo, ou seja, um modo de agir social capaz de coagir um indivíduo. Infere-se que, devido ao peso que o fato social exerce, a individualidade humana é perdida, a personalidade passa a ter um curto alcance que se limita à escolha do grupo que influenciará a vida da pessoa que a detém.
  Contudo,nota-se na sociedade atual que há certa homogeneização da cultura. Frequentemente observamos que as pessoas estão perdendo sua essência, deixando de criar e participar de nichos, tornando-se ecléticas quanto à música, ao cinema, enfim às artes em geral. Há ,pois,um fenômeno social ocorrendo na atualidade por meio do qual os homens vêm ficando a disposição para consumir tudo, deixando de selecionar o tipo de cultura que desejam de fato obter  o que encaminha a sociedade para uma cultura geral,sem diferenças o que,por sua vez,acaba por limitar ainda mais a personalidade humana.
    Os grupos sociais antes fortes, como os punks, por exemplo, se encontram fragilizados hoje em dia e isso se deve, em grande parte, a indústria cultural, que busca generalizar os desejos das pessoas do mundo todo a fim de que possam produzir em grandes quantidades já que inúmeras pessoas ficarão interessadas em um mesmo produto. Deste modo a tal indústria faz com que os inúmeros fatos sociais, que antes se ligavam aos diversos e divergentes grupos sociais, se uniformizem e que, consequentemente, a cultura se torne una. Isso é bem exemplificado pela indústria cinematográfica,uma vez que observa-se que os filmes hollywoodianos se espalham por todo o globo e são assistidos pelas mais diversas pessoas nos mais variados lugares do mundo,não sendo pois característicos de uma determinada cultura,mas sim generalizados e portanto superficiais.
    Tomando por base esses pressupostos pode se entender a afirmação de Zygmunt Bauman, em sua obra A Cultura No Mundo Liquido Moderno, “Sinto-me em casa em qualquer lugar,embora não haja um lugar que eu possa chamar de lar (talvez exatamente por isso).”. O que Bauman quer nos dizer nessa passagem é que os fatos sociais que conduzem os indivíduos foram generalizados,se reduziram a um único e homogêneo,que conduz as pessoas ao mesmo lugar,ao mesmo grupo e a conseqüência disso é a robotização do ser humano. Esses passam a ser meros consumidores, perdem sua essência humana,seu fio de personalidade que restava e isso reflete diretamente em suas relações. Como tudo é uniforme, o pensamento também se torna uniforme e as pessoas passam a ter um temor por aquele que se mostra fora desse mar de igualdade cultural e intelectual. Talvez seja por causa disso que os relacionamentos sejam hoje tão superficiais, posto que não se encontram diferenças naquele com quem se relaciona e isso acaba por gerar o desinteresse. E,caso se encontre alguma divergência no outro o medo do diferente toma conta do ser acostumado à uniformidade e esse prefere fugir a se relacionar profundamente e aprender com essas singularidades. 
    Entende-se então que essa homogeneização dos fatos sociais, a qual fez um amálgama destes e os transformou em um só fato, conduziu os indivíduos a adotarem um comportamento generalizado que gerou certa liquidez na cultura, nos relacionamentos e até na forma de pensar dos mesmos. Todavia, é importante lembrar que ainda persistem alguns grupos diferentes na sociedade e é preciso que estes sejam mantidos e que essa uniformidade seja revertida, que os fatos sociais se pluralizem novamente e conduzam os indivíduos a variadas formas de agir, a fim de que se possa restaurar a mínima individualidade que os seres possuem para que esses voltem a ter sua essência humana e não mais a essência robótica que a indústria cultural almeja para favorecer seus lucros. A diversidade de culturas é benéfica ao seres humanos,pois faz com que estes sejam dotados de certa personalidade e com que possam aprender nas diferenças ,criando conhecimento a partir da observação destas. A uniformidade degenera o homem e o torna máquina, e isso destrói o social e o cientifico, pois limita-os ao igual e já conhecido,ao lugar comum.

Bruna Krieck Farche, 1º ano,Direito Diurno.                  

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