O Fato social para Emile Durkheim seria toda a
injunção cristalizada na sociedade e que se liga um grupo, ou seja, um modo de
agir social capaz de coagir um indivíduo. Infere-se que, devido ao peso que o
fato social exerce, a individualidade humana é perdida, a personalidade passa a
ter um curto alcance que se limita à escolha do grupo que influenciará a vida da
pessoa que a detém.
Contudo,nota-se
na sociedade atual que há certa homogeneização da cultura. Frequentemente observamos
que as pessoas estão perdendo sua essência, deixando de criar e participar de nichos,
tornando-se ecléticas quanto à música, ao cinema, enfim às artes em geral. Há ,pois,um
fenômeno social ocorrendo na atualidade por meio do qual os homens vêm ficando
a disposição para consumir tudo, deixando de selecionar o tipo de cultura que
desejam de fato obter o que encaminha a
sociedade para uma cultura geral,sem diferenças o que,por sua vez,acaba por limitar
ainda mais a personalidade humana.
Os grupos
sociais antes fortes, como os punks, por exemplo, se encontram fragilizados
hoje em dia e isso se deve, em grande parte, a indústria cultural, que busca generalizar
os desejos das pessoas do mundo todo a fim de que possam produzir em grandes
quantidades já que inúmeras pessoas ficarão interessadas em um mesmo produto.
Deste modo a tal indústria faz com que os inúmeros fatos sociais, que antes se
ligavam aos diversos e divergentes grupos sociais, se uniformizem e que, consequentemente,
a cultura se torne una. Isso é bem exemplificado pela indústria cinematográfica,uma
vez que observa-se que os filmes hollywoodianos se espalham por todo o globo e
são assistidos pelas mais diversas pessoas nos mais variados lugares do
mundo,não sendo pois característicos de uma determinada cultura,mas sim
generalizados e portanto superficiais.
Tomando por
base esses pressupostos pode se entender a afirmação de Zygmunt Bauman, em sua obra
A Cultura No Mundo Liquido Moderno, “Sinto-me
em casa em qualquer lugar,embora não haja um lugar que eu possa chamar de lar
(talvez exatamente por isso).”. O que Bauman quer nos dizer nessa passagem é
que os fatos sociais que conduzem os indivíduos foram generalizados,se
reduziram a um único e homogêneo,que conduz as pessoas ao mesmo lugar,ao mesmo
grupo e a conseqüência disso é a robotização do ser humano. Esses passam a ser
meros consumidores, perdem sua essência humana,seu fio de personalidade que
restava e isso reflete diretamente em suas relações. Como tudo é uniforme, o
pensamento também se torna uniforme e as pessoas passam a ter um temor por
aquele que se mostra fora desse mar de igualdade cultural e intelectual. Talvez
seja por causa disso que os relacionamentos sejam hoje tão superficiais, posto
que não se encontram diferenças naquele com quem se relaciona e isso acaba por
gerar o desinteresse. E,caso se encontre alguma divergência no outro o medo do
diferente toma conta do ser acostumado à uniformidade e esse prefere fugir a se
relacionar profundamente e aprender com essas singularidades.
Entende-se
então que essa homogeneização dos fatos sociais, a qual fez um amálgama destes
e os transformou em um só fato, conduziu os indivíduos a adotarem um
comportamento generalizado que gerou certa liquidez na cultura, nos relacionamentos
e até na forma de pensar dos mesmos. Todavia, é importante lembrar que ainda
persistem alguns grupos diferentes na sociedade e é preciso que estes sejam
mantidos e que essa uniformidade seja revertida, que os fatos sociais se
pluralizem novamente e conduzam os indivíduos a variadas formas de agir, a fim
de que se possa restaurar a mínima individualidade que os seres possuem para
que esses voltem a ter sua essência humana e não mais a essência robótica que a
indústria cultural almeja para favorecer seus lucros. A diversidade de culturas
é benéfica ao seres humanos,pois faz com que estes sejam dotados de certa
personalidade e com que possam aprender nas diferenças ,criando conhecimento a
partir da observação destas. A uniformidade degenera o homem e o torna máquina,
e isso destrói o social e o cientifico, pois limita-os ao igual e já
conhecido,ao lugar comum.
Bruna Krieck Farche, 1º ano,Direito Diurno.
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